terça-feira, agosto 15, 2006
O Bengt Gustafsson
De vez em quando, nos passos que damos ao longo da vida, cruzamo-nos com pessoas cujo encanto e magia, não nos deixam outra alternativa que não seja sorrir.
Bengt Gustafsson é um desses casos.
Estava eu em "visita turística" pela cidade onde vivo, quando resolvi entrar numa exposição de um Bengt Gustafsson, que nunca ouvira falar. A primeira dificuldade foi exactamente essa parte: entrar. A exposição, construída a partir de "desperdício metalúrgico", está montada numa antiga fábrica, onde toda a maquinaria pesada, carris e ferros esquecido, adormeceu ao longo dos anos. Ténues luzes iluminam cada obra e no resto impera a escuridão. Foram precisos alguns minutos para os olhos se adaptarem à nova luminosidade e evitarem males maiores. Cair naquele chão com ferro por todo o lado não é aconselhável.
Mal conseguimos dar dois passos, apareceu um "velhote" simpático que no seu inglês bonacheirão nos explicou a exposição e a sua origem. Percebemos que era o próprio autor que o fazia.
Pouco tempo passou, até a conversa extravazar a arte e entrar na estrada que percorrera para ali chegar.
Bengt, era uma operário metalúrgico da antiga Nohab , que entre outras coisas produzia locomotivas. Os tempos ditaram o fecho das instalações (em Trollhättan) e toda essa antiga zona industrial está hoje transformada em escritórios, museus e zona de turismo. Bengt, usou a sua perícia para trabalhar o ferro, para se dedicar à concepção de obras de arte. Com muito sucesso, na minha opinião.
Manteve uma antiga "oficina" da Nohab, onde parece que o tempo parou. Os carris com os carrinhos de transporte ainda lá estão, há ferro e ferramentas por todo o lado, prensas, bancadas de trabalho, todo o ambiente onde outrora ele e os seus colegas exerciam a sua profissão.
O efeito visual é excepcional e as obras muito bonitas. Infelizmente, aquelas que considero mais interessantes não estão no site (www.bengtgustafsson.se) mas já dá para ter uma idéia.
Depois de ter descoberto a exposição, voltámos lá quando a minha família nos visitou e regressámos este fim-de-semana com 3 amigas acabadinhas de chegar de Portugal.
A simpatia do Bengt é contagiante! Mal entrámos perguntou: "Gostam de Jazz??". Depois de uma resposta positiva, mostrou-nos um pequeno orgão que tinha pedido emprestado no museu da ciência (que fica em frente da sua exposição) e no qual, mesmo funcionando apenas o lado esquerdo do teclado, enfrentava com alegria os períodos de menor ocupação.
Um palco improvisado com duas cadeiras estava montado em cima de um carril. Bengt deliciou-nos com um ritmo e alegria, difíceis de esquecer. Disse-nos que estava a aprender o "chega de saudade", pelo que aqui fica a minha singela contribuição para o inspirar.
Falou-nos encantado de Portugal e referiu com agrado, o facto de cada rotunda ter normalmente uma obra de arte no centro (confesso que nunca tinha pensado nisso!!). Aqui usam-se flores, para azar do Bengt.
Mais do que o artista e o seu trabalho, fica a pessoa e uma simpatia contagiante.
Afinal sempre há esperança...
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