Telavive rejeita ultimato dos grupos palestinianos Helena Tecedeiro
"Israel rejeitou ontem o ultimato lançado pelos três grupos palestinianos que raptaram um soldado israelita a 25 de Junho junto à fronteira com a Faixa de Gaza. O prazo dado pelos militantes para a libertação dos primeiros mil palestinianos detidos em Israel deveria terminar hoje às 6.00 (menos duas em Lisboa).Em comunicado, o primeiro-ministro Ehud Olmert garantiu que Israel não irá ceder a chantagens. Olmert deu luz verde à continuação da ofensiva militar na Faixa de Gaza e responsabilizou a Autoridade Palestiniana e o Governo do Hamas pelo destino do cabo Gilad Shalit. O militar foi capturado há pouco mais de uma semana por um comando constituído por membros das Brigadas Ezzedine al- -Qassam, ala armada do Hamas, dos Comités de Resistência Popular e do Exército do Islão.Num comunicado conjunto emitido ontem de manhã, os três grupos deram 24 horas a Israel para começar a libertar prisioneiros palestinianos, caso contrário considerariam "o caso encerrado" e os israelita iriam "sofrer as consequências".Apesar do texto não esclarecer quais são essas consequências, a hipótese de os palestinianos assassinarem o soldado ganha cada vez mais força. O Governo do Hamas lançou um apelo para que os sequestradores poupem a vida do militar. Se não o fizerem, o ministro da Justiça israelita, Haim Ramon, ameaçou aumentar a intensidade da ofensiva militar.No terreno, blindados e soldados israelitas prosseguiram a operação "Chuva de Verão" no Norte da Faixa de Gaza, onde procuravam túneis, esconderijos e locais de lançamento de rockets. Durante a manhã, um activista foi morto num confronto com uma patrulha israelita.O ministro da Defesa, Amir Peretz, considerou a Síria responsável pelo destino do soldado. Segundo Peretz, o sequestro foi orquestrado pelos líderes do Hamas na Síria, dirigidos por Khaled Meshaal e, uma vez que Damasco lhes dá abrigo, Telavive responsabiliza o regime sírio. O ministro deixa ainda a ameaça: "Saberemos quando atingir os que estão envolvidos no rapto de Gilad."O responsável pela Defesa aconselhou o Presidente sírio, Bashar al-Assad, a "abrir o olhos", mas a pressão israelita parece não ter intimidado Damasco que voltou a manifestar o seu apoio ao povo palestiniano. Citado pela agência oficial Sana, Assad explicou que "a posição agressiva de Israel e as acusações injustas contra as forças palestinianas apenas nos incitam a defender os direitos árabes".DiplomaciaPouco mais de uma semana após a captura de Shalit, os esforços diplomáticos para a sua libertação estão num impasse. Apresentando-se como principal mediador desta crise, o Presidente egípcio, Hosni Mubarak, continua, no entanto, apostado em encontrar uma solução diplomática. Ontem viajou até à Arábia Saudita para discutir a situação com o Rei Abdullah. Numa outra frente, a Rússia afirmou-se pronta a usar todos os canais diplomáticos para conseguir a libertação do soldado. Após um encontro com a sua homóloga israelita, Tzipi Livni, em Moscovo, o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov sublinhou o empenho do seu Governo numa solução pacífica. O Kremlin poderá recorrer às suas relações privilegiadas com os líderes do Hamas, que se deslocaram recentemente à capital russa. "Moscovo tem acesso directo ao homem que, segundo os serviços secretos israelitas ordenou o rapto do soldado", afirmava o diário Kommersant, referindo-se a Meshaal. Além disso, a Rússia mantém ligações com a Síria desde a época da Guerra Fria.Livni admitiu que Moscovo pode ter um papel positivo na crise, mas garantiu que Israel não pode permitir que "o terror se torne num instrumento para atingir objectivos no Médio Oriente", disse a ministra.A comunidade internacional desdobrou-se em apelos à contenção. O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, afirmou-se muito preocupado com a escalada da violência. "
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