segunda-feira, fevereiro 23, 2015

A Grécia cansa-me


Comeco a ficar farto dos jogos de bastidores da politica internacional. Já olhei com mais paixão para o tema, confesso.
Comecando por nós, os insignificantes lusos no tabuleiro político europeu...porque vibram tanto com a Grécia? Porque os gregos tiveram a coragem de arriscar num partido que não vinha do centrão? Se acham isso tão bom porque é que não fizeram o mesmo? 40 anos de eleicões não foram ensaios suficientes? Este tique muito nosso de nos remetermos à participacão de café, apontando o dedo a quem de facto se mexe, devia dar uma tese de doutoramento. Aliás, aposto que já deu uma tese num daqueles cursos de onde saiem os gurus da vida, dos livros de auto-ajuda e coiso. Em madrugada de estatuetas douradas, o prémio "já chega!" vai claramente para o Bloco de Esquerda. Mas que excitacão e glorificacão do careca sensual da Grécia é essa rapaziada? O BE da Grécia chegou ao poder por desejo do povo grego. Tudo bem, democracia a funcionar. O BE português fugiu da responsabilidade do poder recusando coligacões que o colocariam no governo, numa altura em que chegou aos 10%. Portanto, o BE português é o contrário do BE grego. Quiseram ficar apenas pela crítica fácil sem assumirem responsabilidades na solucão, naquele que foi, porventura, o maior erro político de Xico Loucã. E por isso, hoje, enquanto vão preparando o próprio enterro, vibram com a Grécia. And the winner is...
Sobre Passos Coelho e o seu apoio a Merkel na tentativa de ficar bem na fotografia com os mais fortes, enfim, é mais um capítulo numa triste novela de vergonha alheia a que o nosso país se sujeitou nos últimos anos.
Os alemães conseguem com os acordos económicos o que divisões inteiras de Panzers não conseguiram. A Europa está quase de joelhos.
Por fim os gregos, que prometem impossibilidades em casa e que usam o "bluff" da saída do euro nas reuniões do eurogrupo. Louvo a coragem do governo do Syriza mas, a realidade é mais ou menos o que se viu na semana que passou. Charme e discussões sobre o cachecol de Varoufakis e, na hora do aperto, um pedido de crédito que fez as primeiras divisões internas. É certo que a troika nunca ajudou ninguém (tal como a Alemanha e acho óptimo que insistam nas dívidas de guerra), mas convém que os gregos não se esquecam como é que chegaram aqui. Não foi o resto do mundo que criou o endividamento deles. Foram eles. Tal como nós com os nossos governos corruptos. É claro que a solucão não é, não pode ser, a austeridade. Já todos percebemos isso há anos e os gregos são os primeiros a fazer algo no campo político contra isso. Mas tenhamos calma com o pedestal. Nem os gregos são anjos, nem o resto da europa um conjunto de ditadores. No fundo, cada governo defende os seus interesses numa europa que nunca foi de "União". Nos dias que correm, o fim do euro e o "reset" ao sistema, até me parecem uma solucão.
Sim, Portugal perderia 30 a 40% do poder de compra mas...o que acontece hoje? 2 milhões na pobreza, salário médio de 700 euros, classe média a desaparecer, milhares que emigram, companhias de referência todas privatizadas...digam-me sff, o que pode piorar? A republica dominicana da europa (sol e precos baixos) já nós somos. O objectivo é evitar que cheguemos a Haiti. Mais do que isso é pedir o Olimpo e esse, pelo menos para já, está reservado para o Varoufakis.


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