quinta-feira, janeiro 23, 2014

Eis quando, entre as nuvens, surge o Sol


Sentámo-nos na cantina. As salas de reunião estavam todas ocupadas. Num edíficio que deve ter mais de 100, acrescento. Falam muito estes camaradas.
A coisa correu bem. Se estávamos ali sentados é porque a coisa tinha corrido bem. 
A primeira fase de desenvolvimento terminara, a demonstracão estava feita e o produto funcionara. Como de costume, não sei bem como, mas aquilo lá mexeu.
O cliente ficou contente e por isso fomos para a cantina discutir os próximos passos. Ninguém discute próximos passos antes de ver qualquer coisa a funcionar, o que é uma chatice. Já não há confianca ou boa vontade.
De um lado da mesa choviam pedidos, do meu lado da mesa, o meu chefe, dizia que sim a tudo enquanto tomava notas. De vez em quando olhava para mim e dizia: "é possível não é Tiago?"
Claro que sim. Tudo é possível. Haja saúde e amor, dizia o poeta na Normandia, enquanto desembarcava e se abrigava das balas.
Dez linhas depois resolvi interromper. "E prazo? Fazemos tudo num mês?". Sorriram. Perceberam que eu só tinha dois bracos e ouvi um "2015". Bom. "E posso continuar a trabalhar remotamente fazendo as minhas entregas nos prazos combinados?". Sim, disseram eles. Ora aí está. Era a parte que me interessava. 
Voltei a entrar em sono profundo ouvindo, ao longe, as vozes de Charlie Brown. Sabemos que há som, mas não o entendemos. Não importa. Pecam e escolham o que quiserem. Eu não faco ideia de como fazer de qualquer forma...
Logo penso nisso quando chegar o aperto.
Fiquei mais perto do sonho. Fiquei mais perto de conjugar uma profissão, com o sonho de dar a volta ao mundo e em simultâneo, educar o meu filho. Um computador, uma ligacão à internet e uma caixinha que parece um tupperware. E já está. Um emprego sem horários, prisões ou cartões de ponto.
Se falhar sou o único culpado, se tiver sucesso também. Entretanto, a liberdade de trabalhar onde quiser, perto de quem quiser. A liberdade de estar com o meu filho no horário de trabalho e de trabalhar quando ele não está comigo. A liberdade de conjugar a minha profissão com viagens ou outras paixões, como a escrita.
"Impossible is nothing" anunciava uma marca qualquer de roupa desportiva. Hoje, só hoje, estou inclinado a acreditar nisso.
Silêncio. Se mexer, estraga.
  

4 comentários:

Inês disse...

Boa! És o maior :)

Sandra Dias disse...

Há vagas?! :)

Tiago Franco disse...

Por acaso há :)

Tiago Franco disse...

Tu é q és a maior! Trocar a talocha pela pena...isso sim, é "d'Óme"!