sábado, junho 29, 2013

E depois dos caixotes...



Mudei-me recentemente.
Se estivesse por aí, este salto seria, mais ou menos, de Belém para Odivelas.
A placa que assinala a entrada em "Lisboa" está mesmo aqui na saída do bairro.
O meu trabalho continua a ser em "Almada". Problema primeiro, como diria Rui Tovar.
"E se fosse de bicicleta à mesma?", pensei enquanto esfregava a cara com creme para as olheiras.
São 30 km, passando as duas pontes da cidade, um dia de trabalho e 2h de futebol. Faz-se. O estalar dos ossos ao deitar explica-me que os 20 anos já estão em fotografia. Tudo bem.
Aspecto positivo...as ciclovias. Sempre. Absolutamente impressionantes e uma clara mais valia, conseguida diga-se, com o dinheiro dos contribuintes. Passei por zonas industriais, habitacionais e de escritórios. Atravessei três "hubs" onde se cruzam autocarros, eléctricos e carros particulares. Floresta e parques. Nem por 100 metros deixei de ter uma ciclovia. Aqui e ali uns postos de "abastecimanento".
Estou na Suécia há 7 anos e em Gotemburgo, há 6. Continuo a ficar espantado com este mundo paralelo da playmobil que são as ciclovias com os seus pequeno semáforos, sinais e pontes.
O sitio para onde me mudei é uma bairro típico de famílias suecas. Uma vila contruída dentro de uma cidade. Muitas criancas. Escolas, escritórios e creches. Alguns servicos. Os moradores parecem-me, na sua maioria, entre os 30 e 40 anos.
"Belém" era onde estava a "nata" da cidade. O meu vizinho mais novo tinha 127 anos. Nunca ouvi o timbre vocal a ninguém.
Deste lado, 2 ou 3 semanas depois de abrir o último caixote, comeco a perceber que estou onde há muito devia estar.
Já não levo o Diogo para a escola de carro, vamos a pé. Os amigos dele sobem ao morro, aqui em frente à janela, e gritam pela jogatana de futebol. Playstation não entra neste planeta. A rua ainda é quem mais ordena. Os meus vizinhos falam comigo e até tive direito a um comité de boas vindas por parte do "condomínio". A organizacão é um pouco exagerada para os meus abandalhados padrões. Ainda estou a conhecer os cantos e já tenho o meu nome, afixado na casa da reciclagem, com a data em que me toca a pegar na vassoura. Calma camaradas.
Há um clube de futebol no bairro onde, se tudo correr como planeado, estarei a treinar o meu filho daqui a uns anos, auxiliado por um chapéu de "mister" e envergando uma generosa barriga de salmão + batatas.
Sinto-me bem. Quase em casa. Não é que andar com a tenda às costas seja um grande problema para mim, mas, admito que há sitios onde me sinto mais dentro do que fora. Este é um deles.
Chove lá fora. Chove sempre. O mês do ano é apenas um detalhe nesta cidade.
Vou vestir os calcões de inverno  e pedalar para o supermercado. O meu frigorífico parece o estádio de Alvalade em dia de jogo. Nada. Zero.
Constato agora que os caixotes tinham mais entulho do que utensílios. Ao segundo prato de Nestum já estou a usar a colher que a Lufthansa meteu no meu bolso sem querer.
Carrego os livros de electrónica dos meus tempos de estudante (que me dão um jeito doido!) mas, em 10 carros cheios, não encontro um faqueiro.
A minha avó bem me queria fazer um enxoval...

4 comentários:

Paulo Caetano disse...

Parabéns pela mudança, Tiago (e pela vizihança).

E espero que corra tudo bem nessa nova casa. Pelas fotos, o ambiente parece bem giro.

Abraço.

Tiago Franco disse...

Muito obrigado :)

Jorge Ramiro disse...

É um lugar bonito, eu sou distribuidor de Pedigree e eu estava lá. Eu recomendo a todos a visitar este lugar.

Sandra Dias disse...

Boa sorte para a nova casa!