terça-feira, maio 28, 2013

Another world


Há cerca de dois anos, mais dia menos dia porque rigor nas datas é na porta ao lado , pensei que a crise no Sul fosse, mais cedo ou mais tarde, varrer o Norte da Europa que não tem petróleo (Noruega é um país em Marte para estes assuntos ). Normalmente o impacto sente-se também na minha área com reducão do número de projectos, menor investimento, alguns despedimentos, etc. Pessoalmente, tentei preparar-me o melhor possível para isso. Como não sou rico e não tenho cunhas, fiz a única coisa possível: diversificar o CV e garantir que, fosse qual fosse a porta a fechar, teria sempre outra a abrir.
A Suécia exporta mais de 50% para a Europa e, também por isso, imaginei que a reducão das importacões desse lado (Sul) mais as vagas de emigrantes, abanassem a coisa por aqui. Mas não.
Dois anos depois, não só a economia continua a crescer como, no meu pequeno quintal, as ofertas de trabalho sucedem-se, semana após semana. Resolvi investigar um pouco para perceber como é que isto é possível, num momento em que países como Holanda e Bélgica comecam a fraquejar.
É um facto que as trocas comerciais com a Europa diminuíram mas, a sempre amiga Alemanha, equilibra a balanca na zona euro. Há um investimento enorme dos países asiáticos, seja com a compra de empresas chave (Volvo) ou com encomendas de milhões (Ericsson).
A exportacão para os EUA continua de vento em popa porque Obama, com bom “keynesiano” que é, aumenta a dívida externa para níveis impensáveis mas consegue “criar” crescimento económico.
Sendo um país produtor, a Suécia consegue lucrar num momento em que a ordem mundial se altera. E fá-lo sem atacar os pilares do pais:  a seguranca social (limitada mas garantida), a saúde e a educacão.
Até a banca, sólida e com regras bem definidas (spread 0,5% é coisa nunca vista por este lado), ajuda neste ramalhete de crescimento.
Por incrível que pareca, e percebo isso hoje em dia, os garrotes impostos ao Sul estão a beneficiar directamente os países do Norte, muitos deles credores. As taxas de juro que vos são roubadas, sim, roubadas, servem para manter bancos e instituicões do Norte com lucros monstruosos.
Ora, sabendo que por estes lados há, historicamente, uma boa gestão de dinheiro público (basta ver o que aconteceu depois da II GG) e percebendo que neste momento, seja pelo vosso garrote, pelos chineses ou pelos árabes , entra um pouco por todo o lado, compreende-se melhor o porquê deste oásis no deserto da crise.
E repito o que já escrevi, para mal dos meus pecados, 500 vezes. Isto num país com uma populacão menor do que a nossa, onde, há décadas, a aposta na Educacão é central e decisiva. É esse o “segredo” para tantas multinacionais e riqueza produzida. Simples.
Estava nestes considerandos quando um colega me diz que os “Verdes” cá do sítio vão sugerir (ao Parlamento) a reducão do horário de trabalho (para os privados) para 35 horas semanais. O “PS” local apoia a medida. Isto quando a Sul se roubam pensões, cortam salários e aumentam as horas de trabalho.

Nunca 3000 km pareceram tanto.

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