Vamos falar de pensões de reforma? Sim, sim? Vamos a isso.
Até porque
não me lembro, de momento, de nada mais importante que tenha acontecido ontem…
Comecem por ler este texto do Henrique Monteiro.
É mais ou
menos isto acrescentando aquela frase no fim: “Não cortar nas pensões inferiores
a X”.
E este “X”
é que é o busílis e para isso, como para outras coisas na vida, convém ter no
governo pessoas que consigam fazer contas de dividir com mais de 2 números. O “X”
significa, em Português corrente, o valor a partir do qual não conseguimos
garantir a estabilidade da Seguranca Social.
Algures no
tempo, não sei quando e também não vou procurar, alguém se lembrou de garantir
o direito de reforma sem tecto salarial. Ou seja, a tua reforma é proporcional
ao que ganhas e, para adocicar um pouco a coisa, conta para a media os últimos
10 anos de trabalho, quando em teoria os salários são mais altos (bem sei que
os actuais cortes mudam isto, mas quando a lei foi pensada a austeridade era
uma utopia). Em tempos não muito distantes as pessoas reformavam-se com 100% do
salário. Há também aquelas situacões caricatas do trabalhador que está em casa
de baixa (licenca de maternidade por exemplo) e ganha mais (porque desconta
menos e porque é a Seguranca Social a pagar) do que se estivesse a trabalhar.
Ora…isto
que agora todos se queixam de “mudar as regras a meio do jogo” é de facto uma
chatice, mas é inevitável. Terá que ser feito mais cedo ou mais tarde. Não é
possivel garantir pensões às geracões futuras se o erário publico continuar a pagar pensões astronómicas, só porque
sim. Está na Lei? É um direito? Pois que se mude a Lei. É uma simples conta de
somar que, desconfio, até o Paulo Portas conseguirá fazer.
Tudo o que
aqui está escrito é válido, na minha opinião, para pensões de reforma elevadas.
As pensões mais baixas não podem sofrer com isto, como é óbvio. O “elevado”
também é um problema e varia de país para país. Depende de N factores, comecando pelo custo de
vida e terminando no que são as receitas e expectativas futuras da Seguranca
Social.
Ouvi, na CNN, um grupo de trabalho que discutia as medidas a
aplicar na Europa para garantir a sua sustentabilidade. Um dos que explicava com quantos paus se fazia
a canoa era Anders Borg, o Gaspar sueco. E era bom percebermos como funciona o
modelo Viking. Podem não saber cozinhar, mas lá nas contas não se
enganam os camaradas.
O Estado garante pensões com um valor máximo (nos descontos)
de 35000 sek, cerca de 4000 euro. Ou seja, a partir desse valor salarial,
atinges o máximo da pensão e o estado não paga um cêntimo mais. Tal como em Portugal, os descontos
são progressivos. Salários mais altos descontam mais, contudo, a reforma a
partir dos 4000 euro será sempre a mesma. Qualquer coisa como 15 000 sek, cerca
de 1800 euro.
Podes ser o
CEO do IKEA e receber 50 000 euro por mês. A tua pensão (do estado) serão
1800 euro. O resto fica por conta de instituicões privadas (descontos do
empregador) e poupancas que tu próprio decides fazer ao longo da vida.
Desta forma
não só se garantem as pensões como a própria sustentabilidade da Seguranca
Social. E esta é uma aritmética fácil de fazer.
Há que
encontrar um limite de justica e razoabilidade em Portugal. Não podem
tocar em pensões de 1000 euro, mas claro que têm que mexer nas de 5000 ou 10 000
euro. Os políticos, banqueiros,
gestores, boys e demais rapa-tacho que se "abarbatam" a não sei quantas pensões
não podem continuar a hipotecar o futuro de milhares. Nunca existirá um bom
momento para esta reforma, já que, estará sempre alguém naquele momento fatídico
do “mas eu reformo-me para o ano, sacanas!! ”
Compreende-se.
É mau para quem se reforma agora e pior para quem está condenado apenas a
pagar, sem a garantia de ver um cêntimo daqui a 20 anos. A nossa Seguranca
Social e o seu modo de funcionamento são uma aberracão e é isso que urge mudar.
Portanto, sejam
razoáveis, poupem ao longo da vida e compreendam que um país pobre não pode
pagar a reforma do Jardim Goncalves, do Catroga ou do Mexia. Há que estabelecer
um limite máximo. Para ontem!
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