Alertado por uma publicacão de um familiar no facebook, sobre
o novo profeta português, resolvi ver os videos e passar os olhos pelo site da “empresa”
do camarada. Fui fazer aquilo
a que o próprio chamaria, ”bater punho”. E como me dói agora.
Comecando
pelo que interessa…toda e qualquer capacidade de iniciativa, especialmente num
país como o nosso, são sempre de louvar. Tal como Sousa Tavares, também aprecio
o poeta: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Contudo, aprecio ainda
mais quando o que se faz tem alguma utilidade.
O jovem
Miguel fala bem, parece acreditar no que diz e mexe muito as mãos, “dizQue” é
uma técnica boa, dá credibilidade ao discurso. Mistura termos “lá de
fora” com os “Bs” fora do sítio. Define-se como um ”idea starter” e a sua ”empresa” criou conceitos tão
espectaculares como o “sushi cycle”. Está lá…tudo no site.
Mas,
dizendo o camarada que os portugueses precisam de trabalhar e mantendo um
discurso tão aguerrido e determinado, qual é o “produto” que a sua “empresa”
vende? Qual é a mais valia empresarial do profeta que “não passa mais de 3 dias
sem ver um TEDx”? Explica como é que se trabalha…
Não explica
ao padeiro a que temperatura deve estar o forno e muito menos ao jardineiro como
regar. O camarada senta-se com pessoas e ensina-as a pensar, explica-lhes
como fazer um telefonema e motiva-as para a luta do dia-a-dia. Em linguagem
mais simples, o jovem Miguel vende oxigénio.
E está tudo
bem. Só compra quem quer.
Vendedores de oxigénio em regra safam-se em dois tipos de
sociedade:
-
Aquelas
muito desenvolvidas que já completaram a pirâmide das necessidades e precisam
de sarna artificial para se cocarem
-
Sociedades
que querem largar o terceiro mundo mas não conseguem e onde, quem tem um olho,
ainda é rei
Não preciso explicar em qual delas está o jovem
Miguel pois não? Mas safa-se. Tem iniciativa e isso é sempre de louvar. Ele Bende, Bocês compram. Não é ele que está errado.
"Um CV é spam", diz. Há que abordar de
forma diferente, fazer outras perguntas e criar novos sushi cycles on the
rocks.
Não jovem Miguel, não é nada disso. Repetir as
mesmas perguntas, ainda que com diferentes abordagens, e esperar novas
respostas é apenas idiota. Aquele rapaz, como é que ele se chamava….o do E=MC2,
parece que escreveu umas coisas sobre isso. Mas lá está….era um mono, nem sabia
o que era a técnica das “10 negas”.
Um CV é spam se estiver cheio de
merda. Se por acaso disser
qualquer coisa que seja necessária no mercado de trabalho para o qual é
enviado, torna-se uma barra de ouro.
Há pessoas espalhadas pelos 4 continentes (África
não) cuja única funcão, emprego, trabalho, é o de correram bases de dados
cheias de CVs à procura da pessoa certa para o lugar certo. Estarão todos
enganados? Ou será que o oxigénio com cores só tem saída no nosso
pequeno canto?
A vida é simples camarada. Toma nota.
Vais estudar um tema que tenha saída profissional.
A partir daqui tens metade do “bater
punho garantido”, com ou sem crises.
Se não quiseres estudar, segue uma via de especializacão
para aquelas profissões que existem desde o Togo até ao Japão. Canalizador,
padeiro, mecânico. Nenhuma sociedade vive sem servicos.
Não é preciso ser um “criativo de ideias” para
perceber como o mundo funciona. Basta não ser estúpido.
Todos podemos ser aquilo que queremos, só temos
é que perceber em que parte do globo isso está.
Queres ser tratador de Zebras no
Guadiana? Talvez não seja a
melhor escolha, mesmo que facas muitos “brainstormings”. Ou vais atrás
das Zebras ou mudas de profissão, por exemplo, para vendedor de ideias super-mega-criativas.
E depois...que raio de emprego é
esse de “ensinar como se trabalha”? Não, não caro Miguel. Portugal não precisa de gurus do sushi. O que o
nosso país precisa é de gente que SAIBA FAZER. Um agricultor que consiga
plantar, um arquitecto que desenhe casas, de um medico que me endireite os
ossos, de um cozinheiro que prepare uma boa refeicão, de um mecânico que me
desenrasque o filtro, de um artista que me faca esquecer por 2 horas a crise em
que estamos ou de um engenheiro que suba a uma antena para que tu consigas ver
mails no telefone.
É assim que uma sociedade se constrói. Com
gente que mexe e faz mexer. Com gente que de facto muda a vida do próximo.
Agora…no meio desta malta aparece um gajo a explicar como sorrir numa entrevista ou como vender pipocas no centro comercial?
Percebes? Não faz sentido.
Malta para mandar postas, já
temos aos pacotes. Pessoal com
conhecimento e vontade de o aplicar, é que é mais difícil.
Queres bater punho? Vai carimbar impressos para
o centro de emprego. Sempre te tornavas útil.
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