quarta-feira, março 06, 2013

A Joana explica...



Hoje recebi um mail de um rapaz que trabalha no ramo da moda: vender o conhecimento alheio.
Aquilo a que os ingleses pomposamente chamam "headhunter". Pessoas que passam o dia na internet a ver propostas de emprego e a correr bases de dados com CVs. Quando encontram um "match", ligam para a empresa X e para o dono do CV e tentam fazer o encaixe, com 10% de comissao sobre o primeiro salário.
Normalmente trabalham em casa, nem tiram o pijama e a "empresa de recrutamento" resume-se a uma ligacao à internet e a muitas horas passadas sem banho, em frente ao monitor e a varrer o Google, Monster, EURES e outros do género. Sao os abutres do séc.XXI. Nao servem para nada.
E porquê? Porque qualquer um de nós consegue abrir uma página com vagas de emprego e enviar um mail com um CV em formato word...logo, estes gajos fazem tanta falta como os arrumadores em Lisboa.
Ups...minto. Os arrumadores do Estádio da Luz têm alguma utilidade. Em dia de jogo, andam a correr com um barrote de um lado para o outro para que os carros consigam subir as montanhosas bermas da segunda circular. Vale moedinha.
Qualquer pessoa que tenha o seu curriculum espalhado pela internet, vai recebendo dúzias de contactos destes camaradas. Mas...o que hoje tinha algo novo. Vinha de Portugal. E a vaga de emprego era...em Estocolmo.
Ou seja, o rapaz lembrou-se de abrir uma "empresa" que "ajuda" a colocar emigrantes Portugueses por esse mundo fora. E tudo sem sair do sofá.
Há milhares de trabalhadores, qualificados (para mal de Portugal) note-se, que estao a "dar o salto". Já nao basta o facto, só por si desastroso para o futuro do nosso país, e ainda temos que levar com gajos que querem lucrar com a miséria alheia.
Uma espécie de vendedor de gás em Auschwitz...
Depois de 7 anos e mais de 10 projectos em 3 cidades suecas, ele quer-me "ajudar". E o que eu gosto que me ajudem...
Ouvi mais umas notícias no caminho para casa e tive que desligar o rádio. Nao há pior calamidade do que aquela que nos rouba, continuamente, a esperanca.
Cartel na banca, um atrasado qualquer que quer meter desempregados nas matas, o Coelho a querer reduzir o salário minimo, o desemprego galopante. É tudo mau de mais, é tudo revoltante e incompreensivel. Nao a situacao...essa percebe-se bem. O "como", "quando" e "porquê" serao algum dia escritos pela História, espero eu. A nossa paciência enquanto povo é que se tornou um mistério para mim...
E depois apareceu o vídeo da Joana. Uma "jovem" da minha geracão com muito menos sorte do que eu e cujo discurso, comeca por arrepiar, lá para o meio entristece e no fim, quando aparece o silêncio, revolta.
Para que uma pequena elite de banqueiros, empresários, construtores civis e politicos corruptos consigam enriquecer e manter o país ao seu servico, a geracao dos filhos de Abril tem que se resignar a uma vida de merda ou entao, como diria outro famoso jotinha, a sair da zona de conforto.
E sair nao chega. Tem que se manter por lá...
Porquê? A Joana explica.

Sem comentários: