Uma pessoa faz com cada figurinha nesta vida...
Parei o carro no parque de estacionamento dos empregados (garagem também existe mas não é para zé-piços como eu) e iniciei a caminhada para a porta principal. 200 metros no máximo.
A neve comecou a derreter porque a temperatura subiu ligeiramente (estavam -10 graus e agora está um calor que não se pode...) e o chão foi substituido por um espelho de gelo.
Nunca na minha vida suei tanto por metro caminhado. Comecei a aventura. Escorregadela aqui, outra ali, mas sempre em pé. Metade do percurso foi feito na sombra de um prédio que entre outras coisas me protegia do vento. Dobrado esse cabo das tormentas fiquei eu, campo aberto, muito vento e uma enorme ilha de gelo. A porta distava apenas 10 metros. Algumas pessoas já em porto seguro olhavam para mim. E foi bonito de se ver. Parado, fazendo toda a forca que conseguia no gelo, tentava fincar as pernas e evitar a queda. Nem um passo conseguia dar sem levantar a perna até à cabeca. Bastaria cruzar os bracos para uma dança tradicional russa.
Resolvi ficar quieto. Olhei à volta na esperanca de encontrar um bocado de terreno seco. Está bem...
Enquanto observava, o vento resolveu ajudar e soprou ainda mais forte. Podia ser na direcção da porta mas isso, convenhamos, não era tão engraçado. Assim, sem qualquer voto na matéria, comecei a deslizar para trás. Os meus colegas olhavam enquanto eu, calmo e tranquilo, sem mexer as pernas, patinava . Ainda pensei num "triplo axel" para garantir a nota artística.
Mas voltei a tentar. E a patinar. O vento nunca mudou, o que só lhe fica bem. Há que ser coerente e não desiludir o público.
Se na hora da saída soprar na mesma direcção, ficamos amigos outra vez.
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