Lá longe, onde o sol queima mais

"E esta noite?", diz o camarada aqui da frente.
"-17 graus!!!", continua com ar de espanto.
Levanto a cabeça e olho para ele. Espirro e limpo o nariz. "Indeed" meu caro...-17 dele e o sistema de aquecimento no prego. Às Segundas, Quartas e Sextas funciona, às Terças e Quintas descansa. Ontem foi Terça...acontece.
Com o nariz suave como uma lixa dirigi-me para o carro. A cena do costume...a chave não quer nada com a fechadura. Tudo gelado. Puxo do isqueiro. Não fumo mas ando sempre com um no bolso...daqueles de cozinha em formato de "Walter PPK".
Aqueço a fechadura, estalo um pouco da pintura e lá consigo entrar. Se tudo correr bem em Marco terei uma porta com 17 cores.
Sento-me no escritório e não sei bem onde estou. A cabeça estala, o nariz pinga, a garganta arranha. Ouço o meu nome aqui e ali. Levanto-me de vez em quando e vou buscar chá. Em todas as salas vejo caixas de Guylian. Estou doente mas não estou morto. Vou rapando em todas.
Dou um salto a Lisboa. 14 graus? Nada mau camaradas, nada mau mesmo.
De Amesterdão boa novas...parece que o avião se vai fazer à pista. Ainda chego a tempo do bacalhau.
É bom voltar a casa. Sim, esse lado ainda é "casa".
Bom Natal para quem passa por aqui. E para quem não passa também.
Não gastem muito dinheiro em plástico "Made in China". No dia 26 custa tudo metade do preço. Sejam responsáveis e poupem dinheiro...há mais 500 milhões para injectar no BPN e alguém tem que os pagar.
Isso sim, é o verdadeiro espírito natalício.