sexta-feira, junho 05, 2009

Atirar ao ar e depois logo se vê



E já que vocês falaram em fim-de-semana, preparemo-nos pois para o que aí vem.

Uma verdadeira montanha-russa de emocões.

Sabiam que o nome deste divertimento surge dos altos e baixos da política russa nos tempos da revolucão? É pelo menos o que diz o Kapuscinski.

E pronto. Fim do momento trivial pursuit do dia. Voltemos então à vaca fria.

Sábado, teremos a hipótese de ver Queiroz a queixar-se de algo. A minha aposta vai para a relva. Se tudo seguir esta lógica impensável há poucos meses atrás, Queiroz destruirá o pouco que falta de uma seleccão que esteve no top 5 do mundo. O castelo de cartas de Riade e o crédito nunca confirmado desde então chegará ao fim. Perder o mundial é um alto preco a pagar só para ver Queiroz a caminho do Cazaquistão. Mas...assim seja.
Já Domingo a história será outra. Toda a oposicão estará na expectativa de ver o Governo castigado. A Fenprof também. Poucos estarão interessados nas eleicões europeias. O importante é fazer de qualquer acto eleitoral um momento de oposicão. Pergunto-me porque não usam estes partidos ávidos de contestar, o local certo para o fazer? Tivessem eles esta vitalidade na AR e a nossa democracia seria bem mais saudável.
Ainda assim, tenho esperanca que os votantes percebam o que se está a votar e não usem as urnas europeias para contestar políticas internas.
Embora as sondagens coloquem os partidos do centro "taco-a-taco", acho que a esquerda vencerá e que em particular o BE subirá nas intencões de voto. Depois da campanha e vendo pessoas como Elisa Ferreira na lista do PS, espero que Miguel Portas e seus pares tenham algum sucesso. Ilda Figueiredo também não ajudou para uma renovacão no PCP, o que se precebe visto a linha dura continuar no comité central.
Uma nota: BE e PCP partilham a família europeia. Votar num ou noutro é reforcar o mesmo grupo em Bruxelas. A diferenca está na atitude.
Já votar na direita é a mesma coisa que mandar um voto para o esgoto.
O PSD apresentou um programa sem qualquer proposta concreta. O PP nem programa apresentou, pelo menos na página da candidatura. Talvez Portas tenha trocado uns mails com o Nuno Melo, mas para o comum dos mortais não sobrou nada. Também não vale a pena dizer que o PP não é um partido que defende determinada ideologia política mas sim a ambicão de uma só pessoa. Já todos sabem, não é preciso repetir.
Se eu pudesse votar nestas europeias (segundo o consulado este ano não é possível), votaria no BE. Não é por definicão o meu partido, mas curiosamente pareceram-me os "mais europeus" durante a campanha. O que não deixa de ser curioso.
Bom fim-de-semana.

5 comentários:

João Manaças disse...

Tiago, tu fazes parte do paradoxo...


1.7. [...] the present paradox that Portuguese (2% of the working population every year), emigrate to countries with greater economic freedom than Portugal (including the Scandinavian countries) [...], but then, in Portugal, the Portuguese vote against the political parties which defend economic freedom.

Porquê?


http://www.institutoliberdadeeconomica.blogspot.com/

PS1 Recomendo vivamente a leitura do site

Abraço

João Manaças disse...

Só mais uma achega... votarias mesmo no populismo bacoco e na demagogia barata do BE???

http://jugular.blogs.sapo.pt/746208.html

João Manaças disse...

só mais uma...
:)

Às vezes apetece-me dar uma resposta torta. Alguém me disse: “eu tenho um amigo que votou sempre PSD ou PS, mas agora está tão zangado com tudo, que diz que vai votar Bloco de Esquerda”. A resposta torta que dei foi esta: “então diga lá ao seu amigo que quando houver mais desemprego, quando tiver que pagar mais juros no banco, quando nem um tostão vier de fora para Portugal, porque um país com uma extrema-esquerda com dez por cento, não é destino de qualquer investimento, tem o seu rating ameaçado, ninguém vai abrir uma fabriqueta se “quem tem lucros não pode despedir”, e se houver muitos Robins dos Bosques à solta pelas árvores, então que agradeça a si próprio ter votado por zanga no Bloco de Esquerda”. É que votar no Bloco de Esquerda por zanga com a política e com o país não muda um átomo nenhuma coisa, deixa-nos só pior do que o que estamos. É uma brincadeira que se paga caro, parece tudo muito bonito, mas tem enormes custos sociais e políticos. É por isso que dei logo uma resposta torta. E se for preciso repito-a tantas vezes quanto necessário.

Anónimo disse...

João,
debater contigo tem diversas vantagens mas acarreta sempre uma enorme desvantagem. Algures numa revista há sempre um parágrafo que me identifica. Sou claramente um tipo muito comum :)

Vamos então a isto.
Comecemos pelo inicio. Já deves ter percebido algures que a minha ideologia política está para a esquerda do PSD. Para ser mais específico, em qualquer coisa como uma esquerda renovadora e moderna que morreu no dia em que o João Amaral morreu. A alternativa de esquerda que eu defendo não existe em Portugal. E é um conceito simples. No fundo o modelo socialista que a suécia criou há mais de 60 anos poderia bem ser o exemplo ilustrativo do que eu defenderia para Portugal. Aposta forte na educacão, transparência no Estado, combate à corrupcão e justica social. Ora isto não existe como sabes. Eu não voto no melhor porque isso não existe, voto no menos mau em cada momento. Sendo esse menos mau escolhido invariavelmente na esquerda política. Não consigo desperdicar um voto no PSD e desde que me lembro de ser gente, não recordo passagens felizes dessa gente pelos destinos da nacão seja em autarquias, no parlamento nacional ou europeu. Quanto ao PP não é uma opcão porque um partido politico deve representar mais do que uma pessoa. Na esquerda, como já te disse pessoalmente, considero que o PCP não fez a renovacão necessária. Pensei que isso acontecesse depois da morte do Cunhal, mas as expulsões provaram o contrário. Não posso votar num deputado que diz no parlamento que a Coreia do Norte não é uma ditadura, mas já posso votar num autarca que desenvolve uma região sem ser à custa de betão. Acho que fui claro.

Anónimo disse...

...
Quanto ao PS, apresentou a meu ver duas falhas graves: o cabeca de lista e a Elisa Ferreira. O Vital terá óptimas ideias mas sem o dom da palavra torna-se dificil interpretar. O episódio da Elisa exigia uma atitude do aparelho, em nome da tal transparência e credibilidade, mas nada disso aconteceu. Fiquei com a clara sensacão do interesse próprio em vez do interesse público. O BE por sua vez apresentou um cabeca de lista que consegue passar uma ideia. E não, não concordo com tudo o que diz, mas dentro das listas que a esquerda apresentou, parece-me a melhor hipótese. Sobre o texto que referes, não preciso de te explicar que esse é um blog alinhado. Um clássico centrão (a F.Câncio é uma das escribas...). Mas mesmo assim e pegando nas tuas palavras, esse texto pode sem grande esforco ser transformado em pura demagogia, basta assumir que interpreta o slogan "quem tem lucro n pode despedir" na forma mais extremista e com os exemplos mais idiotas. Com um pouco de bom senso podemos dizer que o slogan tem uma ideia generalista sim, mas que faz sentido se for transformado numa lei coerente. A forma como leio a proposta não é quem tem lucro um mês ou quem já sabe que depois de 3 meses de lucro vai perder um contracto importante. Fará sentido se for aplicado a quem tenha lucros gigantescos (ano após ano) e aproveite um período de greve para apertar com os trabalhadores (despedimentos, salários congelados, chantagem para mais horas de trabalho) e assim conseguir lucros maiores numa altura de crise. Também não te preciso de explicar que numa altura de crise um funcionário faz tudo para segurar o seu emprego e não é usual um empregador aproveitar isso. É também claro que o tecido empresarial português procura (classicamente) o lucro fácil, ou seja, através de salários baixos. Raramente por competitividade, excelência e competência. Ainda há quem defenda que temos que ser competitivos e por isso há que reduzir salários para competir com a China. Poucos percebem que o caminho de um país pequeno não é a quantidade do que produz mas sim a qualidade e excelência. Neste sentido, esse slogan pode fazer sentido.
Por fim, uma referência ao "voto zangado". Os factos não enganam. 35 anos de democracia divididos pelo bloco central e o que há para mostrar? Um dos países mais atrasados da UE e um dos primeiros a chegar ao espaco comum europeu. ISto é que é um drama João. Pior, é dificil.
Digo-te também, como já disse, que considero o Sócrates o primeiro PM que tentou realmente mudar o panorama actual e quando chegar a altura, ele terá o meu voto. Mas tratamos de europeias agora.
Convém referir também que a minha posicão não mudou depois de sair de Portugal. Nunca votei em qq partido de direita. Só por curiosidade. Sabias que a Suécia, o modelo social que hoje tem, foi construido por governos de esquerda? Em 80 anos, pouco mais do que uma década esteve entregue à direita (como é agora o caso) e segundo rezam as crónicas, esses governos foram de arrepiar, criando entre outras coisas algo que a Suécia n conhecia, a dívida externa.

tiago