Os olhos deles

Estava convencido que hoje, quando telefonasse para o meu pai, iria acrescentar ao "feliz dia do pai" o "feliz dia do avô".
O puto prefere no entanto o quentinho e há que respeitar. Nota de rodapé: ter o segundo filho nas caraíbas.
Há uma nova geracão a nascer na minha família e isso não me deixa indiferente. Traz-me emocão e aquele conforto bom ao coracão. Espero que também me traga responsabilidade e pedagogia. Dava-me um certo jeito.
Ser pai e educador não deve ser fácil.
Há que ter modelos e eu tenho-os. Se conseguir repetir o trabalho das geracões anteriores ficarei contente.
Este miudo transforma a minha vida. Muda a forma como olho para mim ou para o mundo. Parece-me natural e sinceramente, agrada-me.
Deixarei de estar no início da escada de geracões para ocupar a minha vaga no meio. Pela primeira vez o dia de hoje não me deixa apenas a olhar para cima.
Olho para um lado e vejo os olhos do meu pai. São o espelho de uma alma que me fez quem sou. Olho para o outro e imagino os olhos do meu filho. Com alguma ansiedade, confesso.
Puto, eu sei que costumas passar aqui pelo blogue e por isso a nota do dia vai para ti: mexe-te!
Mexe-te, mas para baixo.
Com tranquilidade, claro.
Quero ver os teus olhos.
E o teu avô também.