Quem não vive determinado momento tem que o assimilar por relatos de terceiros.
Seja num livro de história, num documentário ou nas palavras de alguém que estava lá.
É o problema de não se viver eternamente. Há sempre qualquer coisa que perdemos pelo caminho.
Se o Indiana Jones não tivesse gasto o cálice para curar a ferida do pai, quem sabe, quem sabe, hoje não poderíamos ter o Graal engarrafado no Corte Inglês.
Mas enfim, pelo Sean, também vale tudo.
Este é outro dos grande problemas da Humanidade: a capacidade que temos de divagar e misturar temas.
Nós, aí do rectângulo somos muito bons na arte de divagar.
Esforco-me por não envergonhar a raca.
O 25 de Abril.
Não estava lá e por isso não vi, mas rezam os livros que foi uma revolucão fantástica.
Cravos no lugar de balas e gritos de ordem em vez de sangue.
Tudo pacifico, tudo bem aceite e o Marcelo no chaimite a caminho de Copacabana (com paragens em Tenerife, Mindelo e F.de Noronha para abastecer ).
Porreiro.
Pá.
Os livros de história relatam de forma apaixonada a nossa revolucão.
Quem os escreveu também disse que o Pedro Álvares Cabral encontrou rodízio, caipirinha e indíos sorridentes quando meteu as botas fora do barco.
As queimadelas das palhotas e demais actividades efectuadas no fim do respasto não constam desses capítulos.
É engracado como as fotografias dos manuais do 2 ano têm sempre os índios a sorrir e com flores para receber os navegadores.
Parece que aguardavam ansiosamente a nossa chegada com uma constante interrogacão no ar "Será que se perderam no caminho?"
Não, esses eram os espanhóis que nunca acertavam na curva, ali depois das Canárias.
Ufffff….já estou fora de contexto outra vez.
Acontece-me por vezes.
Apesar de tudo, é assim que vejo o 25 de Abril.
De forma apaixonada e sempre com a sensacão poética da liberdade que chegou.
O depois é que é pior.
Os exageros do PREC, os sucessivos erros feitos em décadas de democracia, o surgimento de uma classe política corrupta, a falta de estratégia (e investimento) na educacão, o progresso constantemente adiado.
Mas isso não se comemora hoje.
Amanhã, amanhã logo se fala disso.
Hoje comemora-se a conquista da liberdade.
É possível falar, escrever e decidir sem outra censura que não seja a do voto.
Somos donos do nosso próprio destino.
Ainda não sabemos o que fazer com ele, é certo.
Mas lá chegaremos.
Dia duplo para mim.
Além da revolucão dos cravos, este dia (uns anos antes…mas poucos, poucos!!!) marca também o nascimento da minha progenitora.
Apesar de não ter marcado presenca no largo do carmo em 74 para gritar com o Marcelo, apareci por lá 3 anos mais tarde para conhecer a minha mãe.
Lembro-me que o nosso primeiro encontro foi de cortar a respiracão.
O cordão umbilical enrolou-se no meu pescoco e enquanto o gajo da bata me puxava eu jogava ao elástico.
Foi bem castico.
Recordo-o com saudade.
Tirando a parte do esticão, até acho que foi bom para primeiro encontro.
Uma coisa que nunca te perguntei e que agora me ocorre: como é que nesse metro e meio que se estende da cabeca aos pés arranjaste espaco para um cordão umbilical que parecia a cauda do godzilla?
Além do mais não foi muito correcto da tua parte desmaiares neste processo todo.
Sabes quanto tempo tive que estar nu ao frio, até que tu acordasses, para te abracar?
Já estiveste nua numa sala de hospital, com aquele inox e cheiro a água oxigenada por todo o lado?
Pois.
Não é agradável.
Mas depois abracaste-me.
E o calor voltou.
Mãe é mãe, dizem uns.
Mãe é como o 25 de Abril digo eu: Sempre.
Muitos parabéns (até terca!)
3 comentários:
Pois foi filhote o nosso primeiro encontro foi um pouco complicado, mas tudo mereceu a pena para hoje ter orgulho no filho maravilhoso q
ue tenho. Em relação ao 25 de Abril é o chamado dois em um.Um beijinho grande até terça para aquele abraço bem forte. Beijocas
Temos a família de Parabéns! A minha irmã também faz anos hoje :)
E temos o país de parabéns. Eu adoro este dia, independentemente das pessoas não saberem o que fazer com a liberdade. O importante é tê-la :)
concordo (com as duas :))
tf
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