Ainda a propósito do debate sobre a avaliacão dos professores, acho que vale a pena ler este texto do Henrique Monteiro do Expresso.
Os dados referidos podem ser consultados aqui.
Estamos habituados a falar da educação, da paixão sobre a educação como se Portugal fosse um país que investe pouco nesse sector. No actual debate em curso talvez seja altura de dizer com todas as letras que é mentira!
Não interessa o Governo, nem o ministro. Entre 1995 e 2004 (dados do último relatório da OCDE, disponível "online") Portugal gastou mais em serviços de Educação, e em relação ao seu PIB (portanto em percentagem da riqueza que cria), do que a Holanda, a Suíça, a República Checa, o Reino Unido, o Luxemburgo, o Canadá, a Grécia, a Espanha, os EUA, o Japão, a Estónia, a Irlanda ou a Eslováquia, por exemplo. Claramente acima de Portugal, só a Suécia e a Dinamarca.
Se alguns destes países têm PIB monstruosos, outros, como a República Checa, a Grécia ou a Eslováquia são comparáveis. E apesar de gastarem menos têm resultados claramente melhores. Qual é o problema?
O problema pode não ser público, mas privado. Constituir uma escola privada em Portugal deve ser mais difícil do que constituir um banco ou uma companhia de seguros. Na verdade, em Portugal, quase todo o investimento nas escolas é público. Só seis países dos 35 da OCDE (Islândia, Nova Zelândia, Israel, Suécia, Noruega e Dinamarca) gastam mais dinheiro público em instituições escolares. Mas se ao público somarmos o privado, Portugal passa para 17º lugar. Atrás do Chile, por exemplo, mas mesmo assim ainda à frente da Holanda e da República Checa.
Quer isto dizer que investimos de acordo com a média dos países desenvolvidos, mas que quase todo o esforço é público. Apesar de tudo, as melhores escolas, veja-se os "rankings", são privadas. Os resultados na educação são péssimos e não é por falta de dinheiro. Será por falta de condições de quem ensina? Passemos aos salários dos professores para ver o que se passa.
Os professores, em Portugal, após 15 anos de experiência (número-padrão utilizado pela OCDE), ganham 1,62 do PIB "per capita". A média dos 19 países da Europa contabilizados na OCDE é de 1,41; a média de toda a OCDE (já com os EUA, a Rússia, o Japão, a Austrália, etc.) é de 1,36. Não estamos mal.
Melhor só na Alemanha, Holanda, Suíça e Turquia.
Estes são os números, os resultados são péssimos e a OCDE tem mais um terrível - Portugal é o país onde mais se depende do estrato social para chegar ao fim do secundário.
Depois de anos de "eduquês" e discursos sobre a igualdade, é tempo de mudar. Não há discursos ou ideologias que resistam a factos, a menos que queiramos todos continuar na lua.
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