Já aqui cheguei há 2 anos.
O tempo passa a correr quando estamos a gelar o sim-senhor.
Continuo, como não podia deixar ser muitíssimo ligado a Portugal. E quando digo ligado não me refiro às saudades do peixe grelhado, dos jogos na catedral, da t-shirt 10 meses por ano, dos amigos, da família ou de pastéis de nata. Refiro-me, isso sim, ao facto de continuar a usar os mesmos utensílios de informação e até a manter hábitos que vêem daí.
Seria de esperar que usasse, por exemplo, os media locais para saber o que se passa no mundo. Contudo, continuo a acompanhar quase diariamente as notícias de Portugal e a usar os jornais portugueses para saber o que se passa no mundo. Não sei porque o faço sinceramente.
Uma das razões será a impressão de "24 horas" que os jornais locais me causam. As capas têm sempre facada ou mexerico...
A outra será, provavelmente, o facto de dividir o meu dia por 3 línguas das quais só uma me sai sem pensar. Quando chega a altura de receber mais informação, a preguiça vence e quero que ela chegue da forma mais directa possível. Farto de ouvir a Whitney Houston nas rádios locais comecei a sintonizar o programa da manhã na Comercial. Depois de assistir ao vivo a uma espécie de luta greco-romana a que eles chamam hoquéi no gelo, resolvi procurar piratas e descobrir sites onde pudesse ver o Benfica. Também é doloroso, mas não tanto.
As futeboladas semanais deixaram de ter caras de muitos anos e passaram a ser feitas com paquistaneses, iranianos, chilenos, ganeses, etíopes, franceses, italianos, chineses e claro, suecos.
No fundo, faço o possível por me integrar mas arrasto um pouco da minha vida anterior comigo. As partes que me interessam claro !
Acho que é natural...
A verdade é que por muito que me custe ver o rumo de Portugal, não passa um dia em que não pense no rectângulo e não consigo deixar de ter esta vida dupla.
Sinto-me bem aqui, mas tenho pena de não estar lá.
Será isto possível?
É.
Num mundo perfeito, trabalhava aqui e quando saísse (às 16.30h obviamente) lanchava em Belém (mas no meu sonho ia para lá de bicicleta e chegava vivo), via um filme no King e adormecia perto do Sado.
No fim-de-semana acordava na figueirinha, almoçava um salmonete e lá pelo jantar fazia um grelhado junto a um dos inúmeros lagos de Gotemburgo.
O que me dava jeito era que o Bill Gates investisse num portal do tempo, à la star trek, ou numa perspectiva mais "realista", que o Sócrates fizesse uma ponte (inaugurada com feijoada de salmão) entre Lisboa e Gotemburgo.
Discute-se agora a terceira travessia do Tejo e parece-me incrível que ninguém tenha ainda atirado este proposta para a mesa. Lisboa-Barreiro com portagens em Gotemburgo e Paris, que parece que também há lá dois ou três gajos.
Estou certo que há fundos naquele saco azul chamado UE. Depois de 30 auto-estradas ninguém vai achar estranho.
Vá Zé...pensa lá nisso que eu estou a salivar por um "sááái um nata e um galão!!!"
5 comentários:
É uma pena que não se possa ter apenas o melhor lado de cada coisa. Mas que piada teria a vida se não tivéssemos de fazer escolhas??
era bom não era? eu preferia o portal do espaço - ora estás aqui, ora estás ali - mas ainda não conseguiram inventar isso... é pena.
"Sinto-me bem aqui, mas tenho pena de não estar lá.
Será isto possível?
É."
E é que é mesmo!!
Como te entendo! Para quando o teletransporte ó faxávor?
"As futeboladas semanais deixaram de ter caras de muitos anos e passaram a ser feitas com paquistaneses, iranianos"
o que? Entao, pa?
Olha que o George W. vai colocarte em Guantanamo, cuidado.
Nicholas Machado.
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