quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Uma rosa a florir na tapada

Nada me move contra o cheiro. Gosto até. Até não...gosto muito. Assim é que é. Gosto muito.
Consigo diferenciar limara de 8x4 e isto meus amigos, não está ao alcance de qualquer faro. Gosto de malta com faro apurado. Como o Slash. O Slash era um perdigueiro muito bonito e de olhar doce que fizeram o favor de me oferecer há muitos anos atrás. Como qualquer miudo com 15 anos na década de 90, os meus heróis comecavam (sim, ne pas cedilha...) no Caniggia, passavam pelas Tchin-Tchin do colpo grosso e acabavam no Slash, esse mítico personagem da guitarra que conseguia tapar a cara em todos os posters da Bravo. E ainda bem que tapava. A cara era um susto, mas ouvi-lo tocar o tema do padrinho era um mimo! Ora, o meu cãozinho ganhou o nome do meu herói da guitarra. Tinha um belo faro, mas nunca apanhou nenhum coelho. Ele tentava, mas não há assim tantos no Lumiar. Fazia sucesso na rua ainda assim. "Slash, vamos para casa", dizia eu. "Celeste, que nome bonito para uma cadelinha!!", diziam as velhotas que passavam. Eu ainda cantava o refrão de "Paradise City" para as chamar ao meu mundo, mas em vão.
No faro ia eu...
Se entro em Belém, cheiro a canela de Goa.
Se vou ao Martim Moniz, não me foge o caril
Vejo a rosa a florir na tapada, sei que é Lisboa
Se vou no 15 da Carris em hora de ponta, são cheiros mil

Tenho portanto uma panóplia de prateleiras de memória onde os mais diversos cheiros são arquivados para futura comparacão. E já agora, não sou queque. "Ah e tal cheiras mal e não brinco contigo! ".
Não, nem pensar. Cheirosos ou não, a amizade não escolhe limites nasais. Além do mais, sejamos sinceros, quem nunca passou um dia inteiro a jogar à bola num campo de terra e depois, suadinho, suadinho, toca de dormir com os lencóis de flanela agarrados às costas. Aiiiii a juventude pré-strawberry-with-sugar-and-internet.
E aquela parte em que marcávamos um golo e nos abracávamos de forma a juntar as cabecas e permitir assim o tráfego de piolhos inter-penteados-vanilla-ice? Bons tempos.
Aguento praticamente tudo. Praticamente.
Axila ou vulgo sovaco, é que me fere mais. E porquê? Porque o roll-on, é depois da pizza com banana, a grande invencão do séc.XX. Ao alcance de todas as bolsas e com resultados milagrosos não deixa qualquer desculpa para zebras mortas penduradas debaixo dos bracos. Não, não...
Nos dias de hoje, um gajo que às 8 da manhã cheira a sovaco é parente próximo de um suíno. Até dá para barrar sem tomar banho....fica-se com aquele cheiro a francês, mas bolas, sempre confunde o odor. Lamento dizê-lo, mas não existem desculpas para ser javardo em pleno séc. XXI. Esses gloriosos dias acabaram.
Aquele cheiro que pica e que a cada movimento empesta o ar circundante. É esse que me incomoda!
Agosto, 35 graus e aquelas rodelas de cebola a decorar a camisa logo pela fresquinha. Mas aqui? Aqui?? Neva há não sei quantas horas seguidas, "0" é uma miragem para o termómetro e o gajo que se senta a 1m de mim já empestou a sala??
Já não bastava o sebo no cabelo, a terra nas unhas e aquela cara de Wally.
Epá Wally, não me lixes, vai-te lavar!
Ou então mete roll-on.
Vá lá.
Vá lá Wally...
Não, não dói.
Não Wally, também não queima.
Sim Wally, cheira bem.
Siiiiiiiiiiim Wally...cheira a rosas!!
Se florescem na tapada?? Diz que sim Wally, diz que sim!!

4 comentários:

eu, do alto do meu salto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
eu, do alto do meu salto disse...

Já tinha saudades destes post's :)

Beijos

Sandrinha disse...

hahaha
mas sabes que eu também tenho a paranoia (saudável, atenção!) dos cheiros?! E quando alguém me conta as viagens que fez a lugares onde ainda não estive eu pergunto sempre: a que é que cheira?

Inês disse...

Eu também tenho a mania dos cheiros e consigo distinguir as pessoas à custa deles.. O animal que puseste aí deve ser da família do Bambu :P Têm um cheiro tão..... peculiar :P