sexta-feira, setembro 15, 2006

"Vou por aí às escondidas a espreitar às janelas, perdido nas avenidas e achado nas vielas"

Quando o meu chefe alemão (o que me paga!) se reuniu com o meu chefe sueco (o que me controla) em Fevereiro deste ano, apresentaram-me aquele que seria o meu horário de trabalho.
- O máximo: das 6 da manhã às 8 da noite, ao que eu interiormente respondi..."sim, sim... é mesmo disso que venho à procura!!"
- O normal: das 8 da manhã às 16:30h e que me pareceu "jeitoso".
- O mínimo-obrigatório-sem-recurso-a-tretas: das 9h às 14.30h que o meu cérebro assimilou como ideal, mas a vergonha normalmente não me deixa cumprir.
Dito isto...
(....)
Hoje, às 8.40h estava calmamente a sentir a água quente nos ombros. Estava atrasado, muito, muito atrasado, mas ainda assim descontraído. A água quente, provoca em mim a sensação de que o tempo parou. Sei que estou atrasado, sei que aquele duche deve demorar entre 30 a 40 seg., mas acho sempre que esses segundos dão para passar sabão e pensar. Depois, embalado com a água nos dois ombros vou pensando, pensando, pensando. Atraso-me mais, mais e mais, mas aqueles minutos largos (no entanto segundos no meu mundo) permitem-me divagar sobre as mais variadas coisas, pessoas, palavras, gestos, locais, etc. Hoje lembrei-me desta coisa da "blogosfera". Quando há pouco mais de 2 meses o Rui me sugeriu a criação de um blog, confesso que mal sabia o que era. Nunca tinha visto um, não percebia a utilidade e não fazia ideia o que fazer com ele. Gostava de escrever, era a única coisa que ao longe encaixava. Dois meses depois, percebo o esquema. Partilham-se ideias, pensamentos, convicções, musicas, imagens, situações e tudo o mais do nosso quotidiano. No entanto, o que me deixa realmente surpreendido são os "laços virtuais". Pensava usar o meu blog como um espaço de partilha com familiares ou amigos, que esta aventura me fez deixar geográficamente mais longe. Pessoas que me conhecem desde sempre ou há muito tempo. O que não esperava era "virtualmente" adquirir novas simpatias. Nunca foi muito o meu género.
De blog em blog, é normal encontrar histórias interessantes e não raras vezes, textos fantásticos de índole político-social ou humorísticos do dia-a-dia (tipo Seinfeld), os que mais procuro. Já dei por mim a comentar a história de A, B ou C, como se de uma novela se tratasse. Se um blog reflecte o estado de espírito, os pensamentos ou os ideais de quem lá escreve, parece-me natural que se crie uma certa simpatia (ou não) com o autor das palavras. As linhas reflectem quem as escreve e ao lê-las, fico com a sensação que vou conhecendo um pouco mais dessa pessoa. Aparências que desconheço (embora algumas coloquem fotografias :)) e que me fazem imaginar cada detalhe dos seus relatos. De repente, sem dar por isso, sinto-me próximo. Como se de um "laço virtual" se tratasse, como se fossem várias personagens que simplesmente imagino e que de uma forma ou de outra, acabam por fazer parte do meu quotidiano. Acho isto curioso. Tudo começou porque gostava de escrever e sem dar por isso, leio vários "morangos com açucar" e "até amanhã camaradas" ao mesmo tempo. Até aposto que em Dezembro, algures no Colombo a correr em busca dos presentes perdidos, me vou cruzar com alguns sem que no entanto o perceba. Não há rosto, cheiro ou toque. São palavras, apenas palavras que apelam ao imaginário. É essa a riqueza.

7 comentários:

Sandrinha disse...

Tal e qual!

Para que saibas eu dei por mim ontem a comentar com a minha irmã que o meu amigo Tiago -e ela perguntou: o da net? Eu respondi: Sim! - tinha um São Bernardo lindo!

Virtual ou não... eu sinto que tu és meu amigo!

:o)

Tiago Franco disse...

:)

marília disse...

Pois é...o meu blog é ainda mais recente que o teu, é ainda um recém-nascido, mas já sinto a mesma coisa. Estranho!

Nico disse...

Bom dia camarada, mais uma vez um excelente blog, ainda acho que devias ter ido trabalhar no Jornal Record, ou talvez na Bola, que como sabes o Jornal do Benfica, saudades, Nico.

Anónimo disse...

De facto, são engraçados os laços que acabam por se criar nestes meios. Não sou muito dada a virtualidades, mas acabei por me render aos blogs. Como tu, a única coisa que parecia "encaixar" na minha personalidade, era o gosto pela escrita (e talvez a necessidade de falar sobre o que me inquietava ou me fazia feliz a alguém que, por mero acaso, descobrisse aquele canto). Nunca fiz sequer questão de "publicitar" o meu blog, foram aparecendo leitores sem que nada o previsse. Hoje, confesso que gosto de sentir que sou lida e que as palavras dos visitantes deixaram de ser de circunstância. Lá está, criam-se pequenas afinidades com alguém de quem pouco ou nada sabemos.

Sejam mais ou menos inspirados, tudo depende da minha disposição no momento e do meu gosto - tanto posso querer ficar por aquele cantinho mais tempo ou recusá-lo às primeiras linhas lidas...

(desculpa o testamento...)

Bjins*
Bom fim de semana!

jocaferro disse...

Obrigado pela visita.
Esta não é bem uma retribuição, pois já por cá passei algumas vezes. Poucas devo salientar. Nunca comentei, porque dedico esta actividade de comentador a dar cabo da cabeça de alguns que pensam que o mundo só tem duas cores. Ou é preto / branco, esquerda / direita, inferno / céu, resto do mundo / EUA, e assim sucessivamente.
Iniciei-me nestas lides por um motivo bem mais egoísta. Poder comentar nalguns blog's. Não gosto de ser anónimo...
Entretanto lá fui "postando" umas coisas.
Neste momento, estou parado ao nível do blog. Não é por falta de matéria prima, nem preguiça. è por falta de tempo.
Passo muito tempo a comentar e depois ...
Falta noutro lado.
@braço

jocaferro disse...

É a pressa, é.
Claro que não é è. É é.
Está difícil...