Vasaplatsen, Gotemburgo (20/09/06)
Bombas, bombas, bombas.
Em aviões, em carros, em edifícios, em todo o lado.
Quando era pequeno esses relatos apareciam mais espaçados (ou pelo menos eu não ligava tanto). ETA era quase sempre o nome associado. Para quem cresceu em Portugal nos anos 80/90, acho que era essa a noção que tinha de terrorismo. Entretanto cresci e o conceito também. Talvez eu esteja mais atento, talvez os problemas se multipliquem, talvez o mundo multi-cultural seja mesmo uma utopia, mas nomes como Bagdad, Cabul, Damasco, Beirute, Istambul, Tchetchénia, Egipto, Indonésia, Belfast e outros que tal, passaram a figurar nos alinhamentos dos telejornais pelas mesmas razões. Bombas, bombas e mais bombas.
Com a recente crise do Iraque a coisa tomou proporções de banalidade. Todos os dias mais não sei quantas bombas, mais não sei quantos mortos...passam a ser números, apenas isso. Fica a sensação de distância, de indiferença, de que estamos noutro planeta. Em Portugal ouvia vária vezes (e repetia interiormente): "somos pobres e terceiro-mundistas, mas não nos metemos em confusões". É verdade. Quase um pequeno paraíso, pelo menos nesse aspecto.
Eu confesso que a onda crescente de violência me faz pensar em mais 1000 coisas que nunca havia pensado. Escolho a dedo as companhias de aviação que utilizo, escolho os meus destinos de férias evitando aqueles que algures no tempo tiveram bombas (adorava ir a Istambul, mas tenho medo), escolhi os países para onde mandei CV's de acordo com o apoio dado ou não à invasão do Iraque (o que colocou cidades como Londres ou NY de parte) e dou por mim em infinitas paranóias, como se conseguisse prever onde estou ou não seguro.
Sempre me senti seguro em Portugal e procurei a mesma sensação uma vez afastado. Fiquei com alguns receios no nosso país, depois do idiota do "José Barroso" servir champanhe aos amigos Toni, Jorge e Aznar na base das lajes, mas sempre achei que os gajos da Al-Qaeda pudessem (como a maioria do mundo) pensar que Portugal era uma província de Espanha e talvez rebentar qualquer coisa em Madrid.
Quando vim para aqui sabia que a Suécia tinha aberto as portas à emigração, muito mais do que qualquer outro país escandinavo. Um exemplo: no fim da guerra do Kosovo a Suécia acolheu 80000 Kosovares enquanto a Finlândia recebeu 8.
Nas grandes cidades existem gangs de chilenos, albaneses, sírios e por aí fora. Há associações criminosas ao estilo Vito Corleone (uma delas chama-se "Bandidos") que "oferecem protecção" e quem não pagar...tem o destino traçado. Imagino que esta seja a realidade de qualquer sítio multi-cultural, onde vivem pessoas que se integram e contribuem para a sociedade e outras que nem por isso.
Neste últimos dois dias rebentaram dois carros armadilhados em Gotemburgo. O primeiro, em Hisigen, nos subúrbios da cidade. Uma zona onde vivem muitos portugueses, dada a proximidade com uma das fábricas da Volvo. A outra, rebentou ontem na "Vasaplatsen", mesmo no centro da cidade.
Vejo-a da janela e passo por lá pelo menos duas vezes por dia.
Ninguém sabe bem a razão destes atentados, mas desconfiam (os jornais) que os "bandidos" estão na origem dos mesmos. Vinganças por depoimentos em tribunal, pagamentos não efectuados, rivalidades entre gangs são as hipóteses que a imprensa de hoje noticia.
Para mim, que voltei a passar lá hoje, que não devo nada a ninguém e que estou a descontar para o governo sueco, ecoa-me no cérebro a seguinte questão: existe algum canto do mundo onde possa estar descansado?
3 comentários:
Aqui?
:)
Entretanto lembrei-me de mais alguns sítios:
- Papua Nova Guiné, Vanuatu, Samoa,Ferreira do Alentejo (quando n há confusão na tasca), Sibéria, Corvo, Gronelândia, Islândia, Lieschtenstein (n sei como se escreve), Aldeia da heidi nos alpes austriacos e Rio de Janeiro em dia de bola.
Canhestros!
Fica a 15km de Ferreira do Alentejo e eu tenho lá uma casinha. Mais "sogadito" não pode haver!
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