Algures entre um episódio do Dartacão e do He-Man, perguntei ao meu pai o que era isso do comunismo. Em pequeno era muito chato (mais...) e passava o dia a perguntar...tudo, mesmo tudo. Essas explicações começaram há muitos anos, continuaram em cada primeiro fim-de-semana de Setembro e perduram como tópico em muitas conversas. É uma explicação dinâmica eu diria e como qualquer conceito definido pelo Homem, nunca está "fechado". A história redefine-se todos os dias.
Lembro-me que em pequeno, aquela da "sociedade sem degraus" me pareceu boa. Fazia sentido e tornava o mundo equilibrado. No entanto, ao olhar à volta não via nada disso. Primeiro na minha rua, depois no bairro, na cidade, no país e mais tarde no mundo. As diferenças existem por toda a parte e quanto mais crescemos, mais compreendemos a infinidade de degraus que nos separa uns dos outros. "Utopia" foi a palavra que se seguiu. Era um ideal bom, mas impossível de atingir. Muito bem, ficava a intenção.
Comecei a construir a minha definição de comunismo, partindo da tal utopia e chegando a uma estado social, justo. Justiça social também é outra utopia, mas ainda assim uma aproximação de classes e redução de "degraus" parecia-me o caminho certo.
Não me parece justo, e falando em casos concretos de empresas portuguesas, que um operador fabril ganhe 80 contos e que o administrador da empresa ganhe 800. Não acho económicamente saudável um funcionário público progredir na carreira apenas porque está vivo, seja qual for o seu desempenho. Não acho razoável um investigador científico viver com bolsas de 150 contos com duração de 1 ano. Parece-me desumano, abdicar da vida pessoal para estar enfiado num escritório das 8h às 22h, seja qual for o salário. Não acho normal um engenheiro ganhar 200 e tal contos em empresas como a Siemens, Autoeuropa, etc e ter hipóteses NULAS de progressão na carreira. Parece-me excessivo o que se paga (principalmente em ajudas de custo ) a deputados, vereadores, assessores e toda essa gigantesca máquina de consumir dinheiro que é a função pública. Defendo lugares políticos bem pagos, pois só assim, se conseguem os melhores executantes. Mas defendo A posição, em vez DAS posições. Um vereador deve ser competente e bem pago, para não acumular tachos (que a lei nem devia permitir!), mas não deve ter 10 assessores pagos a peso de ouro. Um para ler cada secção do jornal...
Todos estes desiquilíbrios (juntamente com a corrupção), criam muitos e muitos, talvez demasiados, degraus na nossa sociedade. Os salários em Portugal vão desde os vários mil-contos por mês até aos 30 contos. Isto provoca um buraco enorme e cria desigualdades impossíveis de gerir. Claro que eu acho que um alto e competente quadro deve ser bem pago. Uma pessoa que legisla a nação não tem sobre os ombros a mesma responsabilidade que o outro que está a picar bilhetes na Carris. Isso está claro. O que não me parece lógico é que o que pica bilhetes na carris tenha tão pouco. Nivelar sim, mas por cima. Aqui surge outro problema, que é o do nosso país ser pobre...bom, mas quanto a isso há uma história de mais de 15 anos de vergonha e desperdício de fundos comunitários.
Segundo os dados da UE (vi no jornal da 2), os portugueses são os menos produtivos da União. Passam muito tempo nos locais de trabalho, mas produzem muito pouco. Isto faz-me pensar. De uma forma geral, os salários são maus, o reconhecimento nulo e os aumentos 0% ou congelados. O pessoal fica o dia todo na sorna e não tem motivação para mais. Chegámos a um ponto em que o aumento de 0% é bom, porque significa manutenção do posto de trabalho. Estagnámos, no geral o país estagnou.
7 comentários:
E há vários que se esfolam a trabalhar para sobreviver, mas infelismente esses não são suficientes para contribuir para a média. O Português é realmente preguiçoso e manhoso... A nossa sorte é haverem excepções.
Ah, tenho que entregar o cd ao teu pai =| Não digo que o farei na Festa porque vou andar a trabalhar e nem sei se verei a Festa...
A Festa :)
Espero que tenhas tempo para A disfrutar também :)
Meu querido, escreves bem e com razão, mas com um erro sistematicamente repetido e que não poderia deixar passar: "acessor". A palavra a que te referes, uma pessoa que presta ASSESSORIA a outra, escreve-se ASSESSOR - com dois "ss", portanto. ACESSOR vem de ACESSO... Como dizia a Elis Regina: "Vivendo e aprendendo!".
Fica bem.
Beijocas,
uma fã...
Não foi o primeiro e certamente não será o último. Sorte a minha, que tenho quem me corrija,é o que costumo pensar.
Obrigado Anabela :)
1 beijinho
Não, não foi a madrinha Anabela que te "corrrigiu". Mas andas lá perto, pois são muitas as semelhanças que nos aproximam!
Beijocas...
Era a segunda hipótese (o "fica bem" ainda me deixou na dúvida) :)
Obrigado Carolina.
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