domingo, dezembro 28, 2014

TAP, a jóia da coroa


Durante muitos anos não percebi o milagre da multiplicacão dos pães na TAP. 
Anos e anos com prejuízo, intercalados com uma injeccão de dinheiro no governo de António Guterres e uma empresa que, aparentemente, funcionava sempre no vermelho e sem apoio do orcamento de estado, por ser contra as normas europeias. Confesso que sempre me fez confusão compreender esse milagre económico. Em determinada altura, muito antes de Passos Coelho chegar ao governo, até achei que a privatizacão (dos servicos de ar, não da manutencão) pudesse ser uma solucão para inverter essa perda e, se possível, acabar com regalias inaceitáveis que existem na TAP, já para não falar do autêntico cerco montado pelos pilotos.
Hoje em dia já não penso assim. Garante-me quem está mais perto da turbina que a TAP não recebe apoio estatal. E é publico que hoje em dia que a empresa apresenta lucro. Por outro lado, os buracos da TAP, tal como as suas mais-valias, estão identificados. Assim sendo, não há como defender a privatizacão. Burros velhos afinal conseguem aprender linguas.
Há coisas para mudar...comecando nas borlas aos empregados e familiares, passando na ganância dos pilotos e terminando naquele buraco sem fundo que é a antiga empresa de manutencão da Varig que a TAP comprou. 
Isto não justifica a privatizacão, a meu ver, justifica apenas uma gestão diferente. Os pilotos da TAP são bons, muito bons até. Mas se não querem trabalhar na companhia, há quem queira. A credibilidade da TAP é afectada de cada vez que convocam uma greve, a este ritmo mensal, deixando à beira de um ataque de nervos todos os passageiros que confiam na nossa companhia de bandeira.
Se o governo faz uma requisicão civil para impedir a greve, percebe o interesse estratégico da TAP e, como de costume, dá um tiro nos pés. Se tem interesse estratégico para o país, não pode ser alienada. É tão simples quanto isto.
E depois há a parte boa...uma companhia que com pouco mais de 50 aviões e um hub num país pequeno, liga 3 continentes e é lider de mercado em algumas rotas. Uma companhia que voa diariamente para aeroportos perigosos e que aterra sempre em seguranca. Uma companhia cuja excelência da manutencão é premiada anualmente. Sim, se há alguma coisa de que nós Portugueses nos podemos orgulhar, é da TAP. E não há hospedeira mal encarada ou atraso de 5 horas que vá mudar isso.
E quando vemos a empresa que está na ordem do dia para comprar a TAP, temos mesmo que dar um salto. A Azul é a terceira empresa de aviacão de um país onde a primeira (TAM) já é má. Que me desculpem os amigos brasileiros, mas o povo irmão tem bandeiras muito melhores do que a TAM, Gol e Azul.
Não, não e não.
A TAP tem que continuar pública. Pensem na privatizacão da ANA e nas taxas que subiram 3 vezes num ano, na EDP e por aí fora. Já alguma privatizacão beneficiou os portugueses, seja no preco de consumo ou na reducão de impostos?
A TAP é nossa e assim deve ficar.
Há que fazer uns ajustes que a tornem menos refém de um grupo de funcionários, vender aquele sorvedouro de dinheiro no Brasil e renovar a frota.
De resto, é só não mexer para não estragar.
Os emigrantes agradecem e eu também.
Costa, vê lá se lês o guião.

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