Passava os olhos pelo Expresso quando bati de frente
com este anúncio de emprego. Ora vejam que é bom:
" Descrição
O nosso cliente é uma empresa do sector Electromecânico, que pretende
reforçar a sua equipa no Porto, com o recrutamento de um
Engenheiro ID (m/f)
- Desenvolver projetos na área de Mobilidade Eléctrica, ligados ao desenvolvimento de equipamentos para a carga de veículos eléctricos (VE), de "pacotes de SW" de comunicação entre o VE e o equipamento de carga;
- Realizar como protocolos de comunicação entre o equipamento de carga e os diferentes sistemas de gestão dos diversos clientes.
Perfil:
- Licenciatura/Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica - especialização em Comunicações;
- Conhecimentos de protocolos de comunicação;
- Conhecimentos de Java, linguagem C e Linux;
- Conhecimento de Línguas Estrangeiras, particularmente Inglês (escrito e falado), conhecimento de outras línguas será valorizado;
- Proatividade, Inovação e gosto pelo trabalho em equipa serão competências valorizadas.
Engenheiro ID (m/f)
- Desenvolver projetos na área de Mobilidade Eléctrica, ligados ao desenvolvimento de equipamentos para a carga de veículos eléctricos (VE), de "pacotes de SW" de comunicação entre o VE e o equipamento de carga;
- Realizar como protocolos de comunicação entre o equipamento de carga e os diferentes sistemas de gestão dos diversos clientes.
Perfil:
- Licenciatura/Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica - especialização em Comunicações;
- Conhecimentos de protocolos de comunicação;
- Conhecimentos de Java, linguagem C e Linux;
- Conhecimento de Línguas Estrangeiras, particularmente Inglês (escrito e falado), conhecimento de outras línguas será valorizado;
- Proatividade, Inovação e gosto pelo trabalho em equipa serão competências valorizadas.
"
Ora, pela descricão, parece ser um daqueles projectos
financiados pelos fundos comunitários para as energias renováveis. Neste caso
carregadores de veiculos eléctricos como aqueles que estão ali na Expo. Ora,
tendo em conta o tipo de produto, é relativamente fácil descobrir quem é o
empregador...não há muita gente a trabalhar nisto em Portugal.
Mas, voltando aos requisitos,
querem um gajo para arranhar tecla e desenvolver código, portanto, querem um
gajo que "faca", ou seja, a base de qualquer projecto.
Não são meigos a pedir, mas,
veremos o que oferecem:
"
Oferece-se:
- Estágio Profissional ao abrigo do IEFP, com duração de 12 meses, com uma bolsa de 850,00 euros + acesso gratuito à cantina;
- Oportunidade de Evolução Profissional;
- Integração num Grupo Empresarial de referência e em franca expansão internacional.
Oferece-se:
- Estágio Profissional ao abrigo do IEFP, com duração de 12 meses, com uma bolsa de 850,00 euros + acesso gratuito à cantina;
- Oportunidade de Evolução Profissional;
- Integração num Grupo Empresarial de referência e em franca expansão internacional.
"
Ora...isto é tão bom que nem sei por onde comecar.
Talvez pelo principio. Um engenheiro de desenvolvimento é um rapazito que em
princípio tirou engenharia informática, electrónica ou electrotécnica, ou seja,
os cursos que figuram, entre outros, no top dos mais complexos e trabalhosos. Não quero
ofender ninguém, mas as coisas são o que são. Este é o primeiro ponto que deve
ser valorizado e PAGO. E normalmente é o que acontece porque há mais
necessidade de profissionais deste tipo do que propriamente, pessoas
disponiveis. Ou seja, em
regra o mercado funciona. Em Portugal não.
E porque é que há necessidade de pessoas destas em barda? Simples...porque não há rigorosamente nada que vocês usem, no séc. XXI, que não tenha a mão de profissionais destes.
E porque é que há necessidade de pessoas destas em barda? Simples...porque não há rigorosamente nada que vocês usem, no séc. XXI, que não tenha a mão de profissionais destes.
Do queijo do pequeno-almoco
aos iPhones, tudo, mas absolutamente tudo que nos rodeia passa, algures, por
nerds destes. Seja a máquina que ordenha a vaca, o gps que vos guia, o circuito
eléctrico da máquina de barbear ou a linha de montagem que lá no meio da
Sibéria faz os copos do Ikea. Onde entra corrente eléctrica, eles mexeram.
Portanto, goste-se ou não, são pessoas destas que fazem o mundo mexer e mudar,
não sei se para melhor, mas lá que muda, muda...
Dito isto, oferecer a um
profissional destes 850 euros (já para não falar dos 12 meses) é um insulto!!
Num país que se julga de primeiro mundo, não pode pagar 850 euros a uma pessoa
com este tipo de conhecimento e capacidade. Este é que é o pais real...não é
aquele que comemora a "saída limpa" e que rejubila com os relatórios
martelados da descida da taxa de desemprego.
Mas qual saida limpa??
Continuar a pedir dinheiro e ter que acatar sancões/recomendacões/exigências
por mais duas décadas é uma saida limpa? É autonomia? É independência? Não!!
Independência é não pagar 850 euros a um engenheiro de desenvolvimento e
dar-lhe condicões para que, em conjunto com mais não sei quantos malucos, crie
as Volvo, ABB, IKEA, Ericsson, Saab, Scania, Assa Abloy, Spotify, H&M,
Electrolux e Skype da vida. Sim, são todas suecas (ou quase). Um país com menos
habitantes que Portugal, que cria tudo, exporta para todo o lado e não pede
dinheiro a ninguém para viver. Isso é independência. E nos intervalos ainda vai
a Portugal e Espanha roubar engenheiros.
Dir-me-ão que o mercado paga o que consegue e como tal, aparecem os 850 euros. Não, o mercado não paga o que consegue. O chefe deste desgracado que vai ser contratado não ganha 850, 950 ou sequer 1500 euros. Mas aposto que também vai à cantina de borla.
Ou seja, o mercado aproveita a miséria vigente para explorar e conseguir lucro pelo baixo salário e este, é exactamente o contrário do que se deve fazer para se desenvolver um país (pelo menos no primeiro mundo).
Na primeira hipótese, este engenheiro, tal como outros tantos, fará a mala. É só o tempo de perceber que em metade da Europa que dista 2h de Lisboa, ele ganha 4 vezes mais e paga os mesmos impostos e a mesma renda de casa. É matemática simples. Até o Portas consegue.
E este é que é o drama...a política de curto prazo que acabará por enxotar os poucos que podem mudar (e quem sabe melhorar) o país.
Dir-me-ão que o mercado paga o que consegue e como tal, aparecem os 850 euros. Não, o mercado não paga o que consegue. O chefe deste desgracado que vai ser contratado não ganha 850, 950 ou sequer 1500 euros. Mas aposto que também vai à cantina de borla.
Ou seja, o mercado aproveita a miséria vigente para explorar e conseguir lucro pelo baixo salário e este, é exactamente o contrário do que se deve fazer para se desenvolver um país (pelo menos no primeiro mundo).
Na primeira hipótese, este engenheiro, tal como outros tantos, fará a mala. É só o tempo de perceber que em metade da Europa que dista 2h de Lisboa, ele ganha 4 vezes mais e paga os mesmos impostos e a mesma renda de casa. É matemática simples. Até o Portas consegue.
E este é que é o drama...a política de curto prazo que acabará por enxotar os poucos que podem mudar (e quem sabe melhorar) o país.
Agora..."saida limpa"? "Pedimos mas de
forma diferente?" Deixem-se de merdas....
São anúncios como este que nos explicam, por A + B,
onde estamos e para onde queremos ir.
2 comentários:
Nao podia estar mais de acordo!
Parabens pelo blog e continua a escrever assim.
PS: Ja dizia um famoso,"Em democracia cada pais tem o governo que merece". Nem mais.
Ou "a democracia é a pior forma de governo, tirando tds as outras" :)
Churchill
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