segunda-feira, novembro 18, 2013

Live from Sweden: a mala de cartão

 









 


Quando o sorteio ditou a visita a Estocolmo, por parte de Ronaldo e Cia, a minha primeira reaccão foi óbvia: "Já nos safámos do Platini". A Franca tem sempre lugar garantido (sempre quero ver quantos golos de andebol vão arranjar na terca-feira) e por isso, a Suécia seria um mal menor. A Islândia é que tinha sido, dir-me-ão.
Comecei então a pensar no bósnio mais famoso da Suécia, Zlatan Ibrahimovic, ou, como lhe chamou ontem Manuel Fernandes, Zlatan Ibimic...Ibravic...Ibrahicoisix...o gajo grande porra!!!
Sabes que já tiveste melhores dias quando é Toni, entre sorrisos, que te dá a deixa certa.
Conseguirá Zlatan levar os outros 10 cepos ao colo? Os gajos tropecam na bola mas fartam-se de correr. E aquele Isaksson com 2 metros? Vai dar algum piu-piu à Patricio? Eram estas as minhas preocupacões quando o calendário apontava o dia 15 e a Catedral, para palco do primeiro embate.
Estava longe de descobrir que as duas semanas seguintes seriam as mais agitadas da minha vida em terras de Sua Majestade Carlos Gustavo, o número. Não me lembro qual.
O jogo despertou interesse desse lado, como seria de esperar, e, um simpático jornalista resolveu pesquisar um pouco sobre a comunidade portuguesa nestas paragens. Descobriu que é pequena (3000 arriscaria eu...) e que na sua maioria andam por Gotemburgo, na costa oeste do país.
Depois de um fim-de-semana em boa companhia e de umas folhas cheias de notas, a UPG (União dos Portugueses de Gotemburgo) fez capa na revista do DN. Um misto de futebol com mala de cartão, entre quem já chegou há décadas e quem o fez apenas ontem.
Como poderão compreender, para quem está enterrado no gelo há décadas, é sempre bom ter atencão de "casa". Sim, porque passem os anos que passarem, para aqueles que estão ali em cima, "casa" será sempre Borba, Crato, Portalegre, Esposende, Lisboa, Santarém ou Aveiro.
Foi um dia diferente para todos, ou pelo menos para a maioria.
O texto teve o condão de apresentar esta pequena comunidade e daí, sempre com o jogo em pano de fundo, surgiram novos contactos. Treinadores de bancada para a Lusa, uma atabalhoada participacão via skype com Baião e companhia na RTP e, enquanto estava a escrever isto, uma conversa com a Radio Comercial.
São os 15 segundos de fama do pessoal da mala de cartão. E tudo por causa de um jogo de futebol.
Foi esquisito. E desconfortável. Mas também foi diferente e por isso, bom.
Amanhã Portugal carimbará o passaporte para o Brasil (não me fecundes Patrício!) e depois, voltaremos todos ao anonimato da nossa mala de cartão.
Sexta-feira, no fim do jogo, saí do clube português e dirigi-me para o meu carro. Estava estacionado no mesmo sítio onde há 52 semanas o estaciono. Nesse dia, o único dia das 52 semanas em que Portugal tinha vencido a Suécia, os carros ali estacionados, provavelmente de portugueses, estavam multados. E fizeram-no de noite, já depois do jogo terminar.
Não há coincidências nesta vida. Há apenas dias diferentes.
 
 

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