quinta-feira, junho 13, 2013

O meu sonho é cavar na horta


Camaradas, camaradas, camaradas...quo vadis?
Ser Português é ter na alma a chama imensa, morder como quem beija e voar nas asas de um condor.
Também é ver a ”sardine on carvon”, chegar a casa de t-shirt às 6 da manhã e filosofar debaixo das estrelas.
É acreditar sempre sem pensar se faz sentido. É deixar o Atlântico bater nos ossos e o Sol tostar a pele. É comer só por convívio. É ser gordo por escolha própria.
Tudo muito bem. Somos gente boa.
Mas…também somos muito irritantes. E rudes. E pouco profissionais. E labregos. E atrasados.
Hiiii…olha aí as ofensas!!!  Tem que ser camaradas.
Sentemo-nos aqui na espaco virtual e partilhemos amarguras. Um pouco como fazem os velhotes nas salas de espera dos centros de saúde, enquanto lutam pelo título do reformado com mais maleitas.
Ando a procurar emprego em Portugal e, por voltas e mais voltas da vida, candidatei-me a 20. Entre concursos públicos e simples “knoc, knoc, precisam de alguém?, chateei meio mundo, na sua maioria, duma área professional onde nunca trabalhei. Apenas um CV foi enviado para uma empresa de engenharia.
Ora...e em que parte é que vocês me enervam? Na da resposta.
Diz o camarada Miguel Goncalves que há que bater punho. Adoro gurus encartados.
Apenas uma pessoa se dignou a perder 2 minutos do seu precioso tempo para me responder. Foi, claro, a empresa de engenharia e para me informar que tinha que enviar mais papéis (como é lógico!). Embora o concurso exigisse um grau académico em engenharia, a senhora dos recursos humanos pediu-me que apresentasse dois. Os diplomas, as notas, as certidões de conclusão. Um total de 7 comprovativos do ISEL que atestam que não andei a enganar as companhias que me pagaram nos últimos 12 anos. Ainda bem que arrasto esse entulho comigo numa caixa verde com a etiqueta "papéis importantes", desde que fiz a trouxa e aterrei no Ártico.
Dos restantes 19, nem um pio. Uma resposta automática daquelas chapa 5, um “obrigado e até sempre” ou um simples “não”. Qualquer coisa servia, mas nada, rigorosamente nada.
Total desprezo e falta de educacão por quem estabelece contacto e faz uma simples pergunta. E, detalhe que me parece importante, sendo uma área nova onde procuro uma oportunidade e na qual não tenho experiência, ofereci-me para trabalhar de borla. E nem assim consegui que se dignassem a escrever “não”.
Não sei se é mentalidade, limitacão ou simples falta de profissionalismo, mas parece-me no mínimo estranho.
Alguém que vos contacta e diz: ”gostava de ajudar a cavar aí no quintal. Faco-o de borla para entrar no ramo. Vejam aqui umas fotos minhas de enxada na mão!” e vocês nem perguntam ”porquê?”.
Se quisesse vender cursos de ”bater punho” ou de ”sushi cycle”, já algum esperto me tinha contactado com um ”fale-me disso”.
Gente irritante. Irra!

Ide trabalhar! (não és tu cavaco…agora vê lá se te ofendes camarada!)

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