quinta-feira, janeiro 10, 2013

Impostos na terra das almôndegas



Comeco por dizer o óbvio: gosto de pagar impostos na Suécia. A carga é grande, ainda assim uma brincadeira comparada com o Portugal de 2013, mas a distribuicao e retorno para os contribuintes, são uma realidade.
A educacão é gratis (mesmo gratis!) e universal, dos 18 meses até aos 18 anos. A saúde também. Há N exemplos de retorno dos meus impostos e eu dou apenas 4 que me tocam particularmente:
 - Mais de 150 dias pagos para usar com o meu filho até ele completar 8 anos
 - Direito a um tradutor Sueco – Português em hospitais, tribunais, etc
 - Campos de futebol e instalacões desportivas grátis ou com precos simbólicos, espalhados por toda a cidade e com possibilidade de reserva pela internet
- Aulas de sueco grátis
Outros que felizmente nao uso como subsidios para refugiados de guerra ou casas de acolhimento, também são bons exemplos.
Podia estar aqui o dia todo a citar as “boas práticas”.
Contudo, há um sector de actividade que me enerva particularmente: o roubo organizado que é o estacionamento e a perseguicão aos carros, cheira a esturro e a esquema por todo o lado.
Não há pedaco de alcatrão nesta cidade onde não se pague estacionamento. O preco vai de “pequeno furto” até “assalto à mão armada”.
Os transportes, embora cheguem a todo o lado, são caríssimos e nalgumas zonas da cidade não são verdadeiramente opcão. A caca à multa, por parte das empresas privadas que gerem os estacionamentos, também ultrapassam os limites da decência.
Eu acho que já apanhei multas em todos os cantos da cidade, incluindo parques de supermercados, do meu trabalho e de hospitais. É doentio.
Agora, desde o dia 1 de Janeiro de 2013, entraram ao servico os mamarrachos da fotografia.
Um novo esquema de portagens espalhado por toda a cidade para sacar entre 1 a 2,5 euro em cada passagem (depende da hora).
Inicialmente pensei que o objectivo da iniciativa fosse retirar carros do centro da cidade. Já seria estúpido qb uma vez que Gotemburgo, uma pequena cidade com 500 000 habitantes, comparada com as cidades europeias do sul simplesmente não tem trânsito que se veja. Mas enfim, ainda se engolia.
Quando vi o mapa das portagens (e são mais de 30 espalhadas pela aldeia), percebi que elas rodeavam a cidade e se espalhavam pelo centro. Mais ou menos como se em Lisboa pagasse uma portagem no Marquês, outra no Lumiar, outra em Belém, outra para passar a ponte para Almada e por aí fora. Ou seja, o interesse não é reduzir os carros no centro mas sim sacar o máximo possível a qualquer um que circule em Gotemburgo e arredores. O limite de pagamentos por dia são 60 sek, cerca de 7 euro. Feitas as contas no fim do mês, será mais uma renda.
Ora…mas qual é a razão da sugadela? Ao que parece querem construir uma nova ponte que substitua a velhinha dos anos 20. Mas não estamos a falar de uma Vasco da Gama com 17 km, o rio em Gotemburgo quase que se atravessa com um salto. Era mesmo preciso sacar entre 2 a 7 euro por dia a cada condutor? Já não pagamos impostos suficientes? E fazê-lo ao mesmo tempo que aumentam o preco dos transportes públicos?
A crise, que eu saiba, ainda não chegou à Suécia. Leio que a economia está a crescer, apesar do abrandamento. O que se passa então? Andaram a receber dicas do Relvas para as negociatas com os privados? Ou foi o Gaspar que vos ensinou a fazer contas? 
Não, não e não. É assalto, puro e duro. É a Gasparizacão do Norte.

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