sexta-feira, junho 17, 2011

O Manel e o Zakiridis


Vou seguindo com algum interesse o que se passa na Grécia.
Já há confrontos na rua e o PM, ao que parece, anda a apanhar bonés entre avancos e recúos.
A crise está perfeitamente instalada e o cenário, numa altura em que se discute um segundo pacote de "apoio", é de caos generalizado.
Inevitavelmente dou por mim a pensar naquela gente que em desespero grita na rua. Continuar a olhar para a Grécia como um caso isolado é um erro que todos iremos pagar. É um facto que o governo grego andou a martelar relatórios para enrolar a UE mas, que culpa têm o Nicolidis padeiro ou o Dimitris canalizador disso?
Esta ajuda externa coloca uma série de exigências (e juros) que na prática são impossíveis de pagar. É uma forma oficial de rebentar com um país. Quem serão os afectados? Os gajos que andaram a sugar o dinheiro europeu? Os Varas e Loureiros lá do sítio? Não, claro que não. São aqueles desgracados que estão na rua que vão pagar. São eles que vão perder empregos, casas e direitos. E aqui já não interessa se os gregos se reformam cedo e blá, blá, blá. O que interessa é que do dia para a noite estas pessoas perdem tudo em nome de algo que é impossível de executar. Sim, há reformas que devem ser feitas mas não desta maneira. O desespero instala-se e o conflito social passa a ser a arma. O país está na iminência da bancarrota. Não aprendemos nada com isto?
A Europa atravessa um momento dificil, Alemanha à parte.
Até países como a Dinamarca estão em recessão. Porque razão é o sul a sofrer o ataque dos especuladores? Porque são economias mais frágeis e com fraco aparelho produtivo, ou seja, com pequena capacidade de gerar riqueza. O que isto significa na prática é que a única hipótese de pagar a "ajuda" externa é espremer a classe média até que esta deixe de o ser, mas, o país limita-se a trabalhar para pagar juros nunca chegando o momento de investir no seu próprio aparelho produtivo (ou seja, na hipótese de ser autónomo e gerar riqueza que o livre do crédito).
É claro que todos sabemos que essa oportunidade passou. Portugal e Grécia desperdicaram rios de dinheiro europeu em nome da corrupcão. Tudo certo.
Então e agora? Deixamos os gregos em guerra civil? Pensam que em Portugal vai ser diferente? A Islândia não nos ensinou nada? Continuamos sem perceber que os "mercados" e os "credores" são bancos alemães, franceses, etc cuja boa vida também depende destes juros impossíveis? Continuamos sem compreender que as agências de rating, esses filhos-da-puta que por alguma razão conseguem ser ouvidos, trabalham para os credores? Quanto maior for a extorsão maior é o lucro.
Especialistas colocam a Grécia fora do euro dentro de uns tempos. Também já li que Portugal lá cairá em 5 anos. E quando chegar a Espanha? É o fim da moeda única? É esta a europa solidária?
Não nego as nossas responsabilidades (nem a dos gregos) na crise. Somos os principais responsáveis pela nossa desgraca, mas alguém acredita que mais crédito a juro impossível vai resolver algum problema?
Se aqueles que nos meteram nesta situacão pagassem por isso (comecando pelos Cavacos da vida...), ainda era possivel acreditar.
Agora, meter o Manel e o Zakiridis a rebentar com impostos, enquanto os chupas da classe política que nos enterraram até ao osso continuam a receber a suas douradas reformas públicas...epá...sinceramente não.

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