A guerra na Líbia mudou, desde a última noite, o seu estatuto. Já não é uma guerra civil e ao contrário do que Kadafi diz, também não é uma invasão. É uma defesa de civis que estão a ser massacrados porque resolveram dizer ao fim de 42 anos que já chega.
Desde que o conselho de seguranca das NU votou a favor de uma no-fly zone que este dia estava preparado. Kadafi não iria parar (apesar de ter dito o contrário) pelo que este desfecho era o esperado. EUA, Inglaterra, Franca e Líbano (só para dar o toque...) foram os patrocinadores, Russia, China, Brasil, Índia e Alemanha (olha quem...) abstiveram-se e os restantes membros do conselho de seguranca, como Portugal, Nigéria, Gabão e mais uns quantos que fazem o que lhes ordenam, votaram a favor.
Sarkozy foi o entalado maior e teve que fazer de porta-voz numa conferência em Paris. Vestiu as calcas do pai, calcou uns saltos da mulher e fez voz grossa para Kadafi. "Aceita as exigências ou enfrenta o exército!", disse. Napoleão aplaudiu da cova pensando que talvez seja desta que La France consiga uma vitória militar. Escusado será dizer que ninguém se meteu neste faroeste sem que Obama, em directo da favela durante a sua visita ao Rio de Janeiro, dissesse que os EUA entravam com os marines, com o Chuck Norris e talvez o Rambo. Brincar aos polícias é giro mas sem o Tio Sam, nada feito.
Depois do filho de Kadafi ter dito que esperava que "esse palhaco" (Sarkozy) devolvesse o dinheiro da campanha presidencial financiada pelo regime líbio, percebe-se também o ligeiro toque de vinganca pessoal.
O ocidente fechou os olhos ao regime de Kadafi, como a tantos outros, enquanto o dinheiro mudou de mãos e as objectivas da CNN estavam apontadas para outro lado. Agora parece mal e por isso, toca a morder no dono...
Dito isto, mesmo com toda a hipocrisia que caracteriza os chefes de estado do Ocidente, acho que esta intervencão das NU faz todo o sentido (ao contrário do Iraque). É para isto que serve uma organizacão destas. Tenho as minhas dúvidas que o fizessem num país sem riquezas naturais (a Líbia está entre os 10 maiores exportadores de petróleo) mas, para o caso, é indiferente. Se o discurso de Sarkozy tiver 20% de verdade, o objectivo das NU é simples: parar o exército de Kadafi. Ponto final. Depois serão os Líbios a decidir. Novo regime, eleicões, com Kadafi, sem Kadafi...enfim, a comunidade internacional não terá qualquer voto na matéria. O interesse é apenas evitar mais massacres.
Ver para crer. Fico sempre céptico porque a história diz o contrário. Se os civis inocentes fossem a real preocupacão há muito que os desgracados do Sudão estariam protegidos.
Mas veremos...
Sem comentários:
Enviar um comentário