terça-feira, março 15, 2011

PEC IV, aquele com o Drago e a B. Nielsen que depois se casou com o Stallone

Tenho alguma dificuldade em falar do que se vai passando em Portugal. Estamos em dificuldades é certo, mas quando vejo os bombardeamentos na Líbia ou as cidades destruídas no Japão…
É a velha história do medidor de desgracas…há sempre uma maior que, por alguma estúpida razão, nos faz sentir menos mal.
Mas ainda assim não consigo deixar de ler o que se passa nesse lado. E é normalmente nessa altura que o caldo entorna.
Notícias boas aqui, notícias más ali. “Não ler as más” é uma simples equacão que raramente consigo cumprir.
Leio sobre Passos Coelho. Os barões do PSD estão a pressionar para que ele avance (já estão há não sei quantos anos com a fatia menor do bolo e devem andar aborrecidos). Passos tem pouca vontade mas necessita de publicamente mostrar que já não é um jotinha. Enche-se de coragem e pede uma audiência a Cavaco para lhe perguntar se aquilo que disse no discurso de tomada de posse era mesmo verdade. Senta-se em Belém e enquanto beberica um chá, devidamente servido em louca da Vista Alegre, diz: “Professor, você que é o mais honesto do mundo ocidental sem para isso necessitar de nascer 2 vezes, colocaria o seu carapau na minha mocão de censura ou assobiaria para o lado deixando-me pendurado e em maus lencóis?”
Ninguém sabe o que Cavaco disse. Que pena aquelas escutas só existirem na cabeca do Aníbal, teriam dado um jeitão agora. Ainda assim, eu aposto que a resposta foi: “Avanca sem medo meu filho! Não há possibilidade de um terceiro mandato e por isso, vamos a eles!”
Eu acho tudo isto encantador. A sério que acho. As guerras de bastidores. Os acordos. As movimentacões. As trocas de cadeiras. Tudo muito giro.
Expliquem-me apenas uma coisa: para quê?
Uma nova rotacão no Centrão (com os mesmos de sempre) vai criar mais umas parcerias publico-privadas, trocar uns boys por outros, gerar mais uma série de novos-ricos e toda uma tese de “play it again Sam” sobre a qual não me apetece dissertar. Até porque não consigo. Gosto mesmo é de bola.
Mas, para aqueles 200 ou 300 000 que se manifestaram no sábado, o que é que esta mudanca vai trazer? Nada. Rigorosamente nada.
E porquê? Porque não é o governo Português que governa Portugal. Independência e autonomia fazem-se também com dinheiro. Quem paga decide. Fim da história. O único poder real que o nosso PM (Passos, Sócrates ou o Batatinha) terá nos próximos anos será a negociacão das taxas de juro. Mais do que um economista, gestor ou engenheiro, daria jeito um PM com jeito para regatear. Um gajo qualquer com passaporte Português, jogo de cintura e fã dos Gipsy Kings.
Fora isto, é só seguir a receita da semana passada. Apanhar o Lufthansa Lisboa – Berlim. Acumular milhas no cartão da Miles & More. Ouvir o sermão da Angela e voltar com a “To Do List”.
Chegar a Lisboa e cortar onde a lista manda cortar. Repetir o processo durante uns anos até que a despesa do Estado diminua para menos do que 50% do PIB, o país viva do que produz e não do crédito e a economia cresca mais do que 0,1% ao ano. Vamos dizer, assim à toa, 20 a 25 anos. Não esquecer de ir acumulando milhas.
Ao fim deste tempo estaremos pois em condicões de comecar a crescer em direccão à Lua. Nada nos poderá parar! Empresas competitivas, profissionais qualificados e quem sabe por esta altura já perceberam que o truque não é o salário de miséria.
O único problema, pequeno detalhe, é que o nosso atraso de 20 anos terá passado para 40. Estaremos para a Europa desenvolvida como a Somália está para o Séc.XXI.
A minha geracão estará a caminho da reforma depois de 30 anos a trabalhar para pagar os juros da dívida externa. Que ainda assim passará para os nossos filhos…
25 anos de subsídios europeus foram desperdicados em contratos ruinosos para o Estado, numa clientela de abutres, nas malhas da corrupcão. Desenvolvimento do país? Muito pouco, principalmente quando pensamos nas oportunidades e nas potencialidades. Criacão de riqueza? Zero. Se assim não fosse estaríamos a viver de crédito hoje? Claro que não!
O que pode esperar a geracão que agora entra no mercado de trabalho? 700 euro, contratos de 6 meses e estadia em regime de pensão completa, também conhecida como “casa dos papás”. Lamento informar mas essa é a realidade da Roménia…
Portanto…uma vez mais expliquem-me, a quem é que interessa saber se Passos Coelho avanca ou não?
Da minha parte agradeco o facto de uma geracão de políticos ter destruído, em 37 anos, a hipótese de, entre outras coisas, alguma vez poder regressar ao país onde nasci.
Puta que os pariu.

1 comentário:

Sandrinha disse...

Assino em baixo... Puta que os pariu!
Beijinhos