Reconheco que é. Um trocadilho simples, básico e quicá idiota quando no fundo queria falar era de Muammar Abu Minyar al-Gaddafi.
Ainda assim, e porque me cheira que vou escrever o nome dele um cento de vezes, a bem dos meus dedos fiquemos pois pelo lusa designacão: "Kadafi".
O dominó chegou à Líbia e ao contrário da Tunisia, Egipto ou Bahrain, a diplomacia escreve-se apenas com balas.
Kadafi não está com meias medidas e não perde tempo com conversas. Entra a matar e qual Paulinho Santos, logo a pés juntos.
Mas quem é este beduíno de óculos escuros? Podem ir ao google ou então ouvir o Luis Delgado. Não, é melhor não. Vão só ao google.
A história de Kadafi é toda ela uma tese de mestrado sobre os interesses que fazem rodar o mundo. Cash is king.
A forma de chegar ao poder foi a clássica. Golpe de estado, poder para o povo e os militares no palácio presidencial só para controlar a situacão e tirar cafés. Uma vez lá, na cadeira do poder, tal como tantos outros pensou: "Espera lá...o ar condicionado do gabinete até é sim senhor. E as contas? Não tenho que pagar nada??? Épa...se calhar fico mais uns meses!!"
E pronto. Ficou 4 décadas.
E o que fez durante esse período? Desde expulasar italianos do país até financiar tudo o que era grupo revolucionário/terrorista nos idos de 70/80, passando pelas alucinacões de um grande estado árabe, pode-se dizer que Kadafi andou entretido. O ocidente foi ignorando afinal, e isto é o que conta, a Líbia tem uma das 10 maiores reservas de petróleo do mundo. Mata quem quiseres mas vai mandando uns barris...
Até que aconteceu Lockerbie e o Ocidente resolveu parar com as jogatanas de sueca aos domingos. Uns anos mais tarde, já neste século, Kadafi lá aceitou pagar umas indeminizacões e tudo voltou ao business as usual. As companhias americanas montaram as tendas na Líbia e o Kadafi voltou a ser recebido com pompa e circunstância em todo o lado. Sócrates que o diga.
Um personagem que comecou o seu caminho como revolucionário, continuou como visionário e por isso escreveu um livro verde (só porque a cor vermelha já estava ocupada e preto dava mau aspecto), passando então a terrorista que dormia com lencois de petróleo. Por fim, é um líder tribal e guia de um povo que se desloca com uma tenda de 40 virgens por causa do frio.
Diz Kadafi, sem se rir, que não se pode demitir porque não tem nenhum cargo. A Líbia é governada pelo povo. Parece no entanto que entre todos os "governantes" ele foi o único a conseguir uma fortuna de 70 bilhões de dólares. O pai, que era pastor, ter-lhe-á deixado um ou dois rebanhos. Diz que.
Durante estas décadas Kadafi usou sempre a mesma estratégia para lidar com a oposicão: esquadrões da morte e espingardas com mira.
O que está a fazer hoje é mais ou menos a mesma coisa. O problema é que os dissidentes já não se contam com os dedos das mãos e de espingarada já não vai lá...
Há pois que usar o avião que apanha mais cabecas num só disparo.
E nós? Nós os do Ocidente.
Nós estamos sentados a decidir quem é que deve ser o próximo a fazer os contratos para a exploracão do petróleo. Na televisão vamos vendo corpos que fazem de escudo às rajadas dos aviões mas isso, meus amigos, é lá com eles. Só nos interessam os despojos.
1 comentário:
Tão certeiras e objectivas as suas palavras. Nós vamos assobiando pró lado, fazendo discursos emocionados e ai que não pode ser assim senhor Kadafi, mas a Líbia fica lá tão longe.
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