Lapas

Sem o apoio dos EUA, Mubarak deixou de ser um "parceiro na região" e passou a ser mais um ditador. "Play it again Sam".

Obama disse que "o caminho para a democracia será difícil", ou seja, assume que os EUA apoiavam um regime não democrático. Não é novidade, mas fica sempre bem dizer em voz alta.

Se aquele camarada que se imolou na Tunisia soubesse onde já vai o dominó...

Não deixa de ser curioso...quando as grandes potências tentam instalar a democracia à lei da bala (vamos admitir aqui por 5 segundos que é a democracia que procuram e não o acesso ao petróleo), o povo reage contra e combate os "democratas". Um tirano será sempre um tirano, mas ao que parece, é sempre melhor opcão que um invasor que decide as regras do jogo. Afeganistão e Iraque são as fotografias que passam agora em rodapé.

No entanto, quando é o genuíno desejo popular que, em coro e sem medo, diz já estar farto desta merda, não há ditador que resista. Resta sempre perceber como é feita a transicão e como se vão posicionar as potências dominantes. Neste caso, sendo a área em conflito o médio oriente, o xadrez é muito complexo. Até o Luis Delgado sabe isso.

Israel tinha no Egipto (via Washington) um parceiro silencioso que dava jeito. Convém que o próximo Mubarak receba a mesada e se cale enquanto Israel continua a controlar aquela prisão a céu aberto chamada Palestina. O controlo do canal do Suez também entra na matemática. O efeito dominó cujo final estamos ainda longe de perceber. No Iémen, base clássica de terroristas, a queda do poder pode trazer novos "estudantes de teologia" para a praca. Na Argélia as reservas de petróleo ditam regras e interesses. Na Jordânia o governo já foi demitido, na Síria e até em Marrocos já se convocaram accões de protesto.

Não está fácil para o camarada Obama...