quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Calca no joelho


Li ou ouvi, já nao me lembro quando (também nao é importante para a prosápia), Mário Soares a contar que no início da sua carreira de político, quando enfrentava adversários com mais nome (naquela altura em que ninguém ia a Coimbra fazer a rodagem do 127 e vinha de lá como estadista), para se descontrair e afastar o peso da intimidacao, imaginava-os na retrete.
Sim, claro que podia ter escrito sanita, mas acho retrete um nome espectacular.
Nao me recordo das palavras de Soares (a minha memória já nao é o que era), mas a ideia que ele queria passar era simples: quando estendemos a mao para puxar o papel-higiénico, somos todos iguais. Até o Portas faz isso, se bem que no fim vai ao bidé para passar o óleo de eucalipto.
Já me desviei do tema. É o costume.
Desde que ouvi isto, passei a usar a "técnica" no meu dia-a-dia profissional. E resulta. A pressao desaparece e, pelo menos para mim, o grande problema é segurar o riso e a cara de parvo.
Na Suécia tem sido particularmente útil pois parte da minha funcao é desempenhada em entrevistas, normalmente conduzidas por chefes, que nao me conhecem de lado nenhum.
Seja uma entrevista de emprego, uma discussao salarial ou um debate técnico com pessoas muito mais experientes, a receita é sempre a mesma, tudo na retrete com as calcas pelo joelho.
Ia eu nestes considerandos filosóficos quando passo pela sala das impressoras. Lá dentro o CEO da companhia e um papel encravado. Arreou umas valentes castanhadas na máquina, desligou e ligou. Repetiu o processo até se fartar e foi-se embora mandando uns recados para o deus Thor.
Sim...mais zero menos zero, com papel de folha dupla ou lixa, o Marocas tem razao. Somos todos iguais.

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