segunda-feira, outubro 04, 2010

PEC III, the return

Estava a tentar perceber em que consiste o PEC III.
Não fiquei muito esclarecido mas percebi que o limão já está sem sumo. Não há aperto que resulte e parece que, para além da chapa 5 "aumentar impostos", pouca margem de manobra sobra.
A luta de galos entre Passos Coelho e Sócrates também não interessa ao menino jesus.
FMI ou OCDE a mandarem postas sobre a nossa crise também não augura nada de bom.
Já li e ouvi uma série de economistas cheios de teorias. Fossem eles tão seguros na altura de prever a crise e quem sabe...
Ouço também a eterna história da qualificação. Precisamos de uma população mais educada e especializada. Certo, certo...mas isso era há 50 anos. E agora? Agora que as oportunidades dadas pela UE foram desperdiçadas durante 20 anos, o que fazer?
Temos que mandar mais gente para as universidades (de preferência tirar cursos que sirvam para qualquer coisa no mercado de trabalho), isso é óbvio. Mas isso é um plano para o longo prazo.
E até lá? Temos algum estímulo para o desenvolvimento do nosso tecido empresarial ou continuamos com a mentalidade orientada para o lucro como resultado dos baixos salários? Temos empresas inovadoras em áreas tecnológicas? Temos apostas reais no turismo de qualidade? Temos algum plano para trazer dinheiro (turistas, investidores) para o país? Já alguém pensou em taxar mais a banca?
Leio a necessidade de aumentar impostos porque não é possível cortar mais na despesa pública. Como? Podem repetir? Tenham coragem e aprendam qualquer coisa com o governo espanhol. É preciso cortar e reduzir os quadros, já não há margem de manobra.
Não é possível reduzir a despesa pública? Só podem estar a gozar.
Quantas sugestões querem? Dou 10 de borla:
- Acabem com as regalias dos carros (e motorista) para todos os membros do governo e das autarquias (os ministros noruegueses andam de transportes públicos e parece que chegam a horas).
- Reduzam o número de assessores em cada ministério e proíbam que vereadores autárquicos tenham assessores. Um vereador já é um assessor do presidente.
- Proíbam a acumulação de reformas por cargos públicos.
- Despeçam pessoas apanhadas em baixas fraudulentas
- Obriguem quem recebe o subsídio de desemprego a frequentar acções de formação
- Reduzam o número de deputados na assembleia
- Vendam a parte comercial da TAP
- Vendam a RTP e mantenham apenas a RTP2 como serviço público
- Tornem pública uma lista com os conselhos de administração com lugares de confiança política e acabem com a tacharia dos "boys"
- Criem uma equipa (de funcionários públicos, não é preciso uma Deloitte) que seja capaz de fazer um levantamento de todos os institutos públicos existentes. Para que servem, quais são os seus quadros, etc. Estou certo que a optimização (cortes) que daqui resultaria pouparia uns milhões valentes.
- Não construam uma estrada mais nem que seja um carreiro no meio de um pasto.
- Nos contratos com empresas privadas (tipicamente construtoras) não permitam derrapagens. Se o valor for ultrapassado a construtora que o assuma (o Benfica fez isso com a Somague na construção do Estádio da Luz e não me parece que o Vieira seja um Da Vinci...)
- Vendam a merda dos submarinos
- Cancelem toda e qualquer linha do TGV que não seja a Lisboa-Madrid

Acho que já passei das 10.
Leio um economista sobre o aumento do IVA para 23%. "Nos países nórdicos é 25%", diz ele. Certo...mas o salário mínimo anda entre os 1900 euro (Dinamarca) e 1400 (Suécia).
A solução não pode passar por mais impostos. Não é possível. As pessoas já andam com as cuecas na mão. Já gastam 90% do orçamento mensal para pagar uma casa, escola e comida para os filhos. Querem meter dinheiro a mexer? Cortem a sério na despesa pública. É possível.
Criem centenas de creches públicas e permitam que cada família poupe umas centenas de euro por mês. É dinheiro que fica livre e que passa a circular em consumo. Não é a entupir (mais) com impostos, alguém que já chega com 5 euro ao fim do mês, que conseguiremos estimular a economia.
A situação é difícil e a solução também. Pensem. Olhem à volta e aprendam. Aumentar impostos não é resolver o problema, é criar mais um.

4 comentários:

Anónimo disse...

Muito há aqui para comentar, por ora vou cingir-me à formação profissional. Quando leccionei TIC a formandos de um curso técnico profissional de markting e publicidade, alguns deles, não sabiam, por exemplo, trabalhar com Excel, muito menos para que é que servia.

Inês disse...

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=446793

Vai lá deixar as tuas sugestões ;)

Tiago Franco disse...

Já lá fui, já lá fui :)

BoyGenius disse...

tamos f**********s