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Pode até parecer que escrevo algo com sentido mas para quem tem memória, sabe que as coisas não são bem assim. Mourinhos, Azevedos, Pringles e Damásios à parte, lembro-me de ver equipas com Valdo, Thern e Ricardo Gomes perderem campeonatos contra Vlks, Bandeirinhas e Secretários. Mas enfim, parece que este ano a coisa se limitou ao clássico quem marca mais golos ganha.
Acho que a primeira coisa a dizer é que esta vitória é limpa, sem espinhas e não merece qualquer contestacão. O benfica não foi melhor (isso não chegaria para vencer este campeonato), foi muito melhor do que os seus adversários. Foi uma época extraordinária. Não só no que a resultados diz respeito, mas também (e principalmente), no reencontro com o prazer de ver a equipa jogar. Correm, lutam, acreditam. Embalam o público.
Fizeram 76 em 90 pontos possíveis. Marcaram mais de 100 golos em todas as competicões. Não fosse a liga europa (choro só de ver a final entre o sporting de Madrid e a décima equipa de Londres) e teria sido uma época de sonho. Não foi uma vitória de uma cidade, de uma região, nem sequer de um país. O efeito "Marquês do Pombal" aconteceu um pouco por todo o mundo. De Maputo a Caracas, de Zurique a Luanda, de Newark a Paris. É isso que nos torna diferentes, é isso que provavelmente nos faz ser o maior clube do mundo.
É também no momento de vencer, no nosso caso, de "cumprir o destino", que mostramos elevacão. O discurso dos dirigentes, do treinador, dos jogadores. Não é de ódio, não é contra ninguém. É por nós, é pelo Benfica. É o nome do clube que se ouve no estádio. Ninguém grita o nome dos adversários, ninguém se lembra sequer que eles existem. Isto meus amigos, não é só ser diferente, é ter a nocão de quem faz sombra e de quem vive nessa sombra.
Para mim há um gostinho especial neste título. Numa época em que a equipa era claramente favorita, por razões que sinceramente não percebo, os principais adversários fizeram uma sagrada alianca de vale-tudo desde que não fosse o Benfica o campeão. Foi patético ver o Sportém neste papel e foi quase imoral assistir aos empurrões dados ao Braga no último terco da época quando perceberam que este era o único barco que ainda não tinha ido ao fundo. É por isso particularmente agradável ouvir Domingos Choramingas, com aquela cara de quem acabou de chupar um limão, desfazer-se em desculpas de mau perdedor. É até caricato ouvi-lo queixar-de uma falta marcada no jogo entre o guimarães e o benfica (falta que existiu), para justificar a nossa vitória nesse jogo. Como? Falta contra o guimarães? O mesmo guimarães que perdeu em Braga com 3 penáltis cavados, 4 expulsões e 115 minutos de jogo? Enfim...Choramingas é apenas o espantalho de servico nesta ocasião. Está a ser usado, tal como o Braga (clube com o qual sempre simpatizei por acaso...). Não vale a pena dar-lhe mais importância do que ele realmente tem.
Leio também, aqui e ali, algumas linhas cheias de azia. Há quem teime em não reconhecer mérito e prefira comecar a construir mitos, transformando túneis onde o Cardozo foi agredido e expulso ou onde o Hulk fez uma espera a árbitros como algo que manifestamente nos beneficiou. Enfim...cada um se convence daquilo que quer, consoante o tipo de azedume. Há imagens e provas. Não vale a pena gastar mais latim.
A Nacão está contente e durante alguns dias até nos esquecemos que estamos na bancarrota.
Desde Rui Costa, João Pinto, Isaias e Paneira que não tinha tanto gosto em ver uma equipa envergar o manto sagrado. Marcelos, Tahars e Paredões parecem definitivamente ter ficado numa página da história que convém esquecer depressa.
Entre todas as pérolas que desfilaram na Luz, uma brilhou mais, pelo menos para mim, e foi o David Luiz. Joga com raca e classe. Sabe sair com a bola nos pés e está longe, muito longe do típico central bate-na-avó. E depois, aquele pequeno detalhe que emociona, é que parece gostar do clube. Estarei a ser ingénuo certamente, mas se não gosta, disfarca bem. Honra seja feita a quem não o dispensou depois de mais um ano de estaleiro...
É tempo também de comer as minhas palavras. Fui um dos que nunca quis Jesus no Benfica (o da Amadora e o da Nazaré). Não gostava do estilo, nem do discurso. Especialmente depois da "playstation" e de outros mimos que disse aquando da visita do braga à Luz. Mas enfim...estilos à parte, rendo-me ao treinador. Sabe motivar os jogadores, sabe aproveitar as suas potencialidades (vejam David Luiz, Di Maria, Coentrão, Aimar, Saviola e Cardozo) e sabe ler o jogo. Foi o homem certo no momento certo.
Agora, a longa e dolorosa espera até Agosto. Pelo meio a seleccão de Queiroz que alguns teimam em dizer que é de todos nós (esse assunto fica para mais tarde que agora estou bem disposto).
Espero que este título seja o início de qualquer coisa. Sinceramente acredito que os quinhentinhos, frutas, cafés com leite e viagens ao Brasil tenham os dias contados. O que é diferente de dizer que já não existem, note-se. O homem já passou dos 70, não é agora que se vai endireitar...
Ficam os números e as exibicões. Golos e mais golos. Estádios cheios. Uma época para recordar. O trigésimo segundo título de campeão nacional de uma história já centenária.
Agora, cumpram o vosso destino e tragam lá o trigésimo terceiro.
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