quinta-feira, janeiro 28, 2010

I just call to say I hate you

Se fosse eu a ditar as regras do mundo, a indústria do papel só existia para o fabrico de "papel de embrulho em todas as suas variantes.
Já folhas A4, contratos, impressos e coisas do género não existiam.
Reparticões, secretarias e todos os sítios onde se preenchem e guardam papéis figuravam apenas como um futuro distante nos filmes do Star Wars. Mais de metade da funcão pública trabalhava na agricultura, pescas, indústria, turismo, etc.
E isto porquê? Porque eu detesto reparticões e tudo o que mete papelada. A palavra deveria servir como verdade absoluta, está dito, está dito, não é preciso meter num papel que nunca mais vou encontrar.
Aqui há uns meses levei uma multa por ter pago o estacionamento. Como parti do princípio que se tinham enganado ou que o emel em questão tinha trissomia 21, telefonei para a polícia.
Atendeu-me uma máquina (não há um servico publico na Suécia onde uma pessoa responda a um telefone) que me explicou que para falar com a polícia só por carta ou então tinha um servico central, o único onde se falava com um ser vivo, que ficava lá em cima no circulo Ártico.
Muito bem. Liguei e expliquei o caso. A resposta foi simples: "Primeiro pagas, depois escreves a carta com a reclamacão e depois logo se vê".
Entretanto passaram 3 meses e hoje quando acordei lembrei-me disso. Podia ter pensado em cérelac, no Arco do Triunfo ou neste gelo que me rasga a pele. Mas não, pensei na multa.
Liguei para o Ártico novamente (Kiruna) e perguntei: "Pode dizer-me como está o caso?"
Ela: "Não sei, não tenho esses dados."
Eu: "Então quem tem?"
Ela: "A polícia de Gotemburgo. Tem que falar com eles."
Eu: "Com a máquina?"
Ela: "Não. Eles têm um servico de atendimento ao público que funciona das 9 às 11"
Eu: "Da noite?"
Ela: "Não, da manhã"
Eu: "Têm uma pessoa que se senta ao lado do telefone 2h por dia?"
Ela: "Sim"
Eu: "Muito bem, vou ligar nesse intervalo de tempo. Estou um bocado aborrecido com isto...sempre são 50 eur e já espero há 3 meses"
Ela: "E pode esperar mais uns 2 meses! Eles estão cheio de trabalho!"
Eu: "Como é que sabe? Não disse que não tinha informacão de Gotemburgo?"
Ela: "Piiiiiiiiiiiiiii"

Depois, como estava com a mão quente liguei para as financas.
Eu: "Bom dia, estou a ligar por causa do nome do meu filho...ele já nasceu há 10 meses e continua com o nome errado"
Ele: "Pois, é porque eu não tenho aqui o documento que prova a nacionalidade do bébé"
Eu: "Ahh....eu digo-lhe, é português"
Ele: "Pois, mas tem que enviar uma cópia do passaporte"
Eu: "Ele não tem passaporte, tem BI português"
Ele: "O que é isso?"
Eu: "É uma identificacão usada em Portugal e aceite na UE onde por acaso está a Suécia"
Ele: "Bom...mande uma cópia, um papel assinado por duas testemunhas que comprovam que ele é ele, cópias dos passaportes das pessoas e depois eu vejo se esse documento é aceite ou não"
Eu: "Espere lá...primeiro reviro o mundo e depois você vê se serve?"
Ele: "Pronto, pronto...mande lá a cópia do BI e fazemos isso. Mas tenho que ver se a lei sueca aceita este nome e...."
Eu: "Se aceita o nome?"
Ele: "Sim...ele tem dois nomes próprios e..."
Eu: "Não tem não. Um nome próprio e dois de famíla, mãe e pai"
Ele: "Humm...estou a ver. Mande lá o papel então."
Eu: "Assim que o receber despacha isto rápido não é? Uma semanita e..."
Ele: "Um mês pelo menos, tenho muito trabalho."
Eu: "Um mês para escrever um nome numa base de dados? Vai gravar na pedra como os Romanos?"
Ele: "Piiiiiiiiiiii"

1 comentário:

BoyGenius disse...

Daassssseeeeeeeee

...e eu que pensava que nós por cá eramos únicos!!

Funcionalismo público no seu melhor!