quarta-feira, dezembro 02, 2009

Eyes wide shut


Além do já referido talento para apanhar multas, tenho outro, mais mundano, mas também interessante.
É o talento para me entalar sozinho. E não me refiro a portas.
Dezembro é tipicamente o mês em que acabam os projectos ou pelo menos, altura em que terminam os contratos.
É o caso do meu. Algures em Dezembro acaba.
Como é do interesse da companhia que o cliente renove o contrato, e aproveitando o espírito natalício, dão-se algumas borlas. E aqui borla traduzido para português significa trabalho. E feito por mim o que é logo uma chatice.
Tudo o que estava no contrato, preto no branco, foi concluído em Outubro…dois meses antes do prazo.
Perguntei se podia ir para as Seychelles com pensão completa e 2 massagens por dia, mas parece que não.
Alto. Parem as rotativas. Estava aqui numa toada séria e coiso, mas tenho que partilhar novo pensamento que me acaba de surgir. A mente divaga e o dedo acompanha. Não há nada a fazer.
Foi Vasco da Gama que descobriu as Seychelles, porque razão não é aquilo o nosso algarve hoje em dia? Ora reparem, todas as antigas potências largaram as suas colónias em África e nas Américas. Os ingleses largaram o Zimbabwe, os franceses a Argélia (também, quem é que quer aquilo?), os portugueses Angola, os espanhóis aqueles índios que o Escobar chateava e por aí fora. Agora…vejam lá se não aguentaram uns quantos poisos para férias? Os ingleses e os americanos têm ilhas virgens espalhadas por todo o lado. Os franceses abarbatam-se com as Mauricias, Bora-Bora, Martinica, Reunião and so on. Até os holandeses que ganhavam a vida a gamar com piratas perna-de-pau meteram a mão no caribe com Aruba, etc.
E nós o que fizémos? Zanzibar? Seychelles? Não obrigado…tem muita areia branca. Vamos embora. Queremos mesmo é a Madeira e o Alberto João. O destino é amargo para a Nacão desde os tempos da outra senhora...
Mas, voltando ao assunto que nos trouxe a este espaco de convívio...
Assim sendo e já que tinha que amargar até ao fim, ofereci os meus préstimos para lá do que estava escrito, na esperanca que isso agrade os alemães e quem sabe, leve a uma renovacão do contrato.
Os tempos estão dificieis e o natal não é só quando um homem quer.
Desde Outubro que continuo o projecto muito para lá do estipulado. Agora, nas últimas duas semanas, sempre em regime de bónus, os alemães pediram um teste que é o equivalente a dar três voltas a Marte em cima de uma tartaruga coxa.
O que é que eu disse? Claro! Não há problema!
E faco ideia de como é que se processa a coisa?
Tenho pelo menos uma pista?
Huuummm…epá…nem por isso.
Então como é que me vou desenrascar? Isso também eu queria saber.
Esta é uma daquelas alturas em que se fosse sueco punha baixa, ou fazia um spa ou falava com um psiquiatra porque estava debaixo de uma pressão enorme e um stress desgastante.
Sendo português vou seguir a receita nacional do joelho, também conhecida como "desenmerdez vouz".
Pego nas várias pecas, atiro tudo ao ar, digo as palavras mágicas, fecho os olhos e espero que, com mais ou menos cambalhotas, aquilo aterre montado e a funcionar.
Agora, que já me calava com esta coisa dos bónus, também me parece ser uma ideia com pernas para andar.

1 comentário:

Inês disse...

A parte positiva é que sabes de antemão que tuga que é tuga acaba por resolver tudo no último minuto. Nem que seja com cuspo!