Aos poucos vou chegando à conclusão que por mais anos que passe com a cabeca enterrada na neve, dificilmente me habituarei a algumas particularidades, nomeadamente alguns processos de trabalho.
Estava a rever uns relatórios antigos do colega que fez a minha actual funcão até ao início do verão e encontrei algumas coisas sem sentido. Coisas que ficaram por fazer ou inacabadas e que, coincidência das coincidências, me caíram agora no colo.
Em vez de grandes testamentos por mail resolvi levantar-me e ir falar com ele. Afinal, entre as nossas mesas existe apenas 30m de chão. Achei que era uma distância razoável e que com algum jeito, uns bons 5 minutos de conversa me tirariam todas as dúvidas.
Lembro-me, durante a passagem de pasta, de ter ficado com a sensacão que ele não percebia muito da poda e que se fartava de dar voltas em torno de si próprio como os cães, mas dobrar a giga, 'tá quieto.
Mas meti as solas a caminho.
Comecei a fazer as minhas perguntas.
"Escreveste isto no relatório mas não explicaste como é que A, B e C e agora é suposto que eu responda por isto e blá,blá,blá….e disseste que precisavas do equipamento X mas nunca o foste buscar e blá,blá,blá e por aí fora..."
No fim perguntei-lhe como é que tinha feito os testes descritos, sem equipamento e sem qualquer resultado visível.
Fui extremamente simpático. Sorri e tudo. Não quis levantar muitas ondas nem espantar a caca (cedilha aqui...). Mas reparei que o rapaz ficou incomodado. Corou um pouco e comecou a falar baixinho, deduzo eu para que os novos colegas não ouvissem. Ao fim de 30 seg disse: "eu escrevo-te um mail a explicar como fiz e que equipamento usei e quais foram os resultados, etc,etc"
O meu primeiro pensamento foi: "se estás aqui à minha frente, porque é que não despachas o assunto em 5 minutos em vez de perderes mais tempo com mails e afins???"
Mas não se pode dizer uma coisa destas a um sueco. Muito menos da forma como me apetecia dizer…confesso que já estava a perder a paciência.
Assim ficou. Numa primeira análise ainda pensei que ele queria estruturar e organizar o pensamento. É típico de um nórdico. Mas não, naquele caso não. O gajo foi mesmo procurar as respostas ao Google.
Tenho cá uma sorte com os vikings que me saiem ao caminho…
A pergunta certa seria: "Se um sueco podia ser menos atado? Podia. Mas não era a mesma coisa."
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