segunda-feira, novembro 16, 2009

Aposto que nunca viram uma fotografia de Mogadouro


Confesso que tenho uma péssima impressão de Armando Vara. Acho que ele também não me tem em muito boa conta. Mas isso é porque não me conhece.
Ele nasceu nas bercas e eu em Lisboa. Ele comecou a carreira a descontar cheques e eu nunca tive um cheque com o meu nome impresso. As nossas universidades distavam 500m mas a minha ainda existe e não tem aulas ao domingo.
Os nossos percursos não se cruzaram. O que foi uma pena porque eu gostava de lhe perguntar como é que se enriquece sem trabalhar.
Parece que estou a ver. Jantar no Vírgula, ali perto do Cais do Sodré, malta de fato espalhada pelas mesas e eu, de ténis e calcas de ganga, bebericando um bom tinto de Estremoz com um guardanapo de pano em cima da perna direita.
"Diz-me cá Armando. Como é que se chega a vice de um banco privado sem distinguir o PIB do NIB ?"
Estou certo que seria uma conversa cheia de bons ensinamentos. Para mim claro. O Vara já leu o livro todo.
Se o caso Face Oculta vai resultar em algo? Claro que não.
Mas já nem é isso que me preocupa o que também revela a confianca que tenho na justica. Roubam, recebem luvas, metem ao bolso…nada acontece. E uma pessoa diz "é normal". Batemos no fundo.
Mas, dizia eu, o que me preocupa é o conteúdo das conversas com Joselito.
Até aqui sempre considerei que Sócrates foi mais vítima do que agressor. Sempre o achei alvo de todo o tipo de ataques como a nossa democracia ainda não tinha visto. Desta vez não estou tão certo. Se se confirmarem conteúdos que já circulam na net terei que reconhecer que Sócrates é uma desilusão e "mais um" do grupo que usa o Estado para proveito próprio.
A ver o que aí virá.
Seja qual for o conteúdo das escutas, a bem da tão fragilizada justica, espero que o processo seja rápido e eficar.
Ahh…e ao contrário do que também já li por aí, espero que não se repita a história do Pinto da Costa, onde as escutas provaram que existia corrupcão (aliás, nunca foram negadas pelo próprio) e toda a investigacão se centrou no facto de as escutas serem ou não válidas em tribunal.
Outra pergunta de La Palice é, se as escutas não servem de prova em tribunal, porque é que as fazem?
Pelo menos poupem o erário público em chamadas telefónicas...

2 comentários:

Anónimo disse...

Estou completamente de acordo. Acho que é mais do mesmo, durante um tempo é notícia de abertura de telejornais, depois, aos poucos vai deixar de se ouvir e por fim, fica tudo na mesma.

Uma triste realidade.

Um abraço,

Helena

Kruzes Kanhoto disse...

Pelo menos o "tintol" é do bom...