Cada vez gosto mais das reuniões de departamento.
Para comecar devo confessar o meu encanto por horas e horas de serra-presunto à volta de uma mesa, onde não existe nada para falar e se tenta, de toda a forma e feitio, esticar esse nada de forma a parecer qualquer coisa.
Se a sala não tem um mapa mundo para eu me entreter a olhar para os países, meu deus, é um massacre.
Mas…vá lá, vá lá, é hábito ter um bolito, café e chá durante o certame. Nada por nada, antes ouvi-lo a engordar.
Desta vez, e sabendo que nada de novo acontecera, o chefe do departamento deu umas cambalhotas, algum jogo de cintura e tentou fabricar alguma informacão.
Mais 100 estão a caminho da rua e até ver, ainda não foram informados o que significa que todos estão de orelha em pé. Fixei particularmente a parte em que ele disse "este é último despedimento colectivo". Comecei a fazer contas (até porque a sala não tinha qualquer mapa e eu tinha que manter o cérebro ligado).
O número total de pessoas despedidas chega a 900 num universo de aproximadamente 2000 em Gotemburgo. Perto de 50% portanto.
No nosso departamento passámos de 160 para pouco mais de 40, o que ronda uma reducão de 60%. Dentro do departamento, específicamente na equipa onde trabalho, contávamos 20 e tal pessoas em Janeiro e agora somos 6. Significa isto que 70% dos meus colegas mais próximos estão a virar frangos.
Ora…no fim destas contas qual é a conclusão?
No próximo despedimento colectivo o departamento fecha. As simple as that.
Traduzindo para português corrente, significa isto que a água vai chegar aos sapatos das chefias e aí já é uma chatice.
Têm que largar o conforto do escritório, as regalias de férias, bónus e carros de servico e têm, quem sabe, que correr atrás de um emprego.
Ufff…trabalhêraaa….
O engracado disto é que não há qualquer mudanca na economia ou nos negócios da companhia. Os prejuízos continuam a ser grandes. Seguindo a mesma lógica, faz tanto sentido despedir daqui a 3 meses como fez há 4 meses atrás.
O problema é que, depois de correrem com todos os soldados rasos, já só há generais para despedir.
E aí a coisa muda um pouco de figura.
O dinheiro é o mesmo, o prejuízo é o mesmo, mas há mais paciência, mais flexibilidade, mais compreensão.
Eu sabia que a economia não era assim tão importante neste embrulho.
Por mim, tudo bem.
Já estou imune a todos os cenários.
Siga a banda nas palavras da geracão anterior. Vamos em frente.
Mas cantando e rindo.
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