quinta-feira, outubro 08, 2009

O circo Chen

Apesar do sono, vi com alguma atencao o debate desta noite com os candidatos à C.M.Lisboa. Porque é que não agendam os debates para mais cedo? Têm que passar novelas? Não sabem que aqui é GMT+1 e de manhã é que são elas?
Bom...
Comecando pelo formato: é mau. Compreendo que em democracia todos os partidos devem ter voz, mas, tendo em conta o tempo para debater, assistimos a uma reducão efectiva dos minutos atribuídos àqueles que farão parte do elenco camarário e a quem interessa realmente ouvir.
Quem é que quer saber que ideias têm o nazis para Lisboa?
Constato que Pinto Coelho traz para o debate autárquico a mesma ladaínha com que nos presenteou nas legislativas. É aliás a única ideia que move o PNR: a imigracão.
Assustador é pensar que estes nazis têm mais do que 3 votos. Razão tinha Churchill quando apontava as imperfeicões da democracia.
O destaque da noite vai para o artolas do MMS. Era claramente aquele que apresentava maiores dificuldades na exposicão do seu pensamento, e isto é realmente mau quando o Pinto Coelho está na mesma mesa, e conseguiu ser notado quando se retirou da sala. Tendo em conta a total incapacidade de atrair pelo discurso apostou no marketing de choque. Fez bem.
Os representantes do PTP, MEP, MRPP e BE não envergonharam mas também não acrescentaram nada. Ruben de Carvalho da CDU esteve na minha opinião muito bem. É vereador há muito tempo, conhece os problemas da cidade e teve a capacidade de explicar, sem margem para dúvida, as suas posicões em cada tema lancado pela Fátima C. Ferreira. Gostei de o ouvir e de confirmar que o meu voto em Lisboa está há muito tempo bem entregue.
Também gostei de ver a forma como António Costa se defendeu dos ataques que vieram de todo o lado. Parece-me claramente uma pessoa que, como alguém dizia, sabe onde está e para onde quer ir. Tenho algumas dúvidas na trapalhada da Liscont mas fico mais descansado sabendo que o movimento liderado por Miguel Sousa Tavares está a ser ouvido nas negociacões.
Quem me surpreendeu foi o Santana. Apareceu melhor preparado do que eu pensava e não cometeu qualquer gaffe comprometedora. Aliás, o formato do debate beneficiou-o e muito, já que o pouco tempo para cada candidato serviu que nem uma luva para a nova técnica do Santana. Simples mas terrivelmente eficaz. Lanca suspeicões, boatos e difamacões contra António Costa. Este pouco tempo tem para responder e durante esse tempo vê Santana a interromper com breves exclamacões do tipo "Por amor de deus! Agora pede ajuda ao Ruben de Carvalho!" ou "Você segue o governo!". A mensagem do Costa é cortada (várias vezes ele teve que acabar intervencões dizendo "está completamente enganado" mas sem poder explicar porquê) e o Santana fica com aquele ar de virgem ofendida defensor dos pobres e oprimidos. Temo que para os mais desatentos isto possa ser o suficiente para dar mais uns votos ao discípulo do Sá Carneiro. Para quem prestou atencão, há dois momentos no debate que separam as águas e que tiram a máscara ao menino guerreiro. O primeiro aconteceu quando ele teve a suprema lata de perguntar a António Costa: "mas afinal o que é que andou a fazer nestes dois anos?" ao que Costa respondeu com a única saída possível: "olhe...andei a pagar dívidas." Só por aqui se vê que Santana não tem um pingo de vergonha na cara. O segundo momento foi a mensagem final. Costa falou nas pequenas coisas...os arruamentos, o prédios devolutos, os planos aprovados. Falou das pequenas obras, dos pequenos detalhes, bairro a bairro, que de facto influenciam a vida das pessoas. E fala assim porque sabe que não está em condicões de prometer mundos e fundos, sob pena de voltar a meter a C.M.L num buraco financeiro. Já Santana não se poupou. Prédios devolutos, terreiro do paco, novo túnel, contentores, portela, frente ribeirinha, jardins, ruas limpas, bairros camarários reabilitados, etc. No fundo, prometeu transformar Lisboa em Zurique. E tudo num mandato.
Santana desta vez estudou os temas. Reconheco-o. Mas mesmo assim continua a não saber o que diz. Num debate a dois seria arrasado, assim, no meio da confusão, talvez tenha ganho alguns indecisos.

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