Comeco a duvidar dos meus tracos de latino.
Em Portugal sempre fui pálido. O meu pai passou metade da minha infância a pensar que eu tinha anemia.
Aqui tudo mudou.
Ontem, enquanto esperava pela pizza, o turco perguntou-me: "Não vives ali na rua x?" ao que respondi: "Não, vivo aqui perto na rua y".
"Ahhh...mas não tens lá um irmão? Conheco uma pessoa lá que é a tua cara."
"Não, não...o meu irmão está em Portugal."
"Portugal? Engracado, pensava que vinhas ali dos meus lados!"
"Não, não...sou português."
E vim com a pizza debaixo do braco e a cabeca cheia de pensamentos.
Há uns meses atrás, uma rapariga numa aula de sueco jurou que se lembrava de mim dos tempos em que vivia em Teerão. Não foi fácil convencê-la que era europeu.
Já mais do que um colega, que sabe a minha nacionalidade, me perguntou se tinha problemas no dia-a-dia quando me confundiam com os iraquianos.
Há um bom par de anos, em casa de uma conhecida em Itália, ouvi a mãe dela perguntar: "Quem é o marroquino?"
É engracado...ninguém me confunde com um italiano, francês, grego ou até espanhol, que fosse...já ficava contente com isso.
Turco, marroquino, iraniano, iraquiano entre outros estilosos do turbante.
Será que qualquer camarada com cabelo ondulado e barba por fazer tem obrigatoriamente que se chamar Achmed ou Mahmoud? Entre louros sou obrigado a pensar que sim.
1 comentário:
Tenho a certeza que nunca mais deixarás crescer o buço! :)
Abraço.
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