quarta-feira, junho 10, 2009

A D.Branca


Confesso alguma dificuldade em perceber o processo do BPP.
Há poucos dias uma associacão de clientes, se não me engano representada por Jaime Antunes (o que diz logo muito do que se procura...), sugeria ao governo uma troca. Eles, clientes, recebiam do Estado o dinheiro que o BPP nunca teve. Em avanco. O Estado por sua vez, ficaria com as aplicacões credíveis (não as accões) que o BPP tem por essa europa fora e recuperava o dinheiro sem qualquer uso do bolso dos contribuintes. O ministro das financas que não é propriamente um atrasado mental, mandou-os pastar de forma educada e sugeriu uma nova solucão que passa pela transferência das aplicacões que estes clientes têm no BPP para outras instituicões. Claro que isto não agradou aos clientes do BPP com aplicacões de fundo garantido. O BPN, como não poderia deixar de ser, veio para a discussão.
Essa monumental asneira do governo espalha-se de norte a sul. Não há camionista, apicultor ou padeiro que não reclame apoios do Estado usando o BPN como exemplo.
Mas voltando ao BPP.
Ouvi com particular espanto as palavras de Jaime Antunes. Escudado no BPN, exigia o mesmo tratamento e o capital reposto. Tenho impressão que até o ouvi dizer "que não percebia esta preocupacão agora com o dinheiro dos contribuintes" depois de não sei quantos milhões injectados no BPN.
Percebo...se esfarraparam o contribuinte, porque não abusar um pouco mais?
A pergunta impõe-se: se um cliente estabelece, de livre vontade, um contracto com uma entidade privada onde essa mesmo entidade se compromete a dar um porco em troca de um chourico, porque razão tem o Estado que ser responsabilizado?
Não tem. É tão simples quanto isso.
Com ou sem BPN, as financas públicas não têm rigorosamente nada a ver com isto.
Não deixo de ter pena dos anónimos que depositaram economias de uma vida no BPP, mas deviam ter pensado nisso quando este banco prometia um retorno muito maior que os demais. Ainda por cima garantido...
Se há coisa que já todos devíamos ter percebido é que num mundo capitalista ninguém dá nada a ninguém e que a multiplicacão de capital com base na especulacão é um edificio sem paredes mestras.
A única coisa a fazer para ajudar os clientes do BPP é vender todos os bens dos administradores e do banco, edifício incluido, e dividir o dinheiro pelos credores. Chegue ou não para pagar tudo o que foi contractado, o Estado não pode meter nem mais um cêntimo dos contribuintes nesta gigantesca D. Branca.
E quanto a essa associacão liderada por Jaime Antunes, ganhem alguma vergonha na cara, engulam o calote e não queiram responsabilizar os outros pelas vossas asneiras.

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