Mão amiga fez-me chegar estes videos da entrevista do Mário Crespo ao Medina Carreira.
É interessante ver alguém falar sobre a situacão do país sem ter o rabo preso. É ainda mais interessante quando se nota que o diagnóstico tracado é aquele que qualquer pessoa de senso comum aponta: corrupcão, escola pouco exigente em nome das estatísticas, bloco central como criador de tachos (confesso que gostei da expressão "banco alimentar"), corrupcão desportiva não julgada, etc.
Apesar da liberdade no discurso fiquei um pouco desiludido com as solucões. Sistema presidencial como nos EUA? Seria apenas a mudanca de lugar para os "tachos". Este é que é o problema. Todos sabem o mal mas ninguém descobre a cura. Segundo este fiscalista, o problema maior reside no facto de as solucões passarem por quem vive bem com o mal instalado (o bloco central). É um facto.
Há que ainda assim tentar separar as águas. 30 anos de democaracia não foram aproveitados para reformar o estado e colocar Portugal ao nível do centro e norte da Europa. Certo.
O governo Sócrates, ainda que tímidamente, foi o primeiro que tentou inverter a tendência. Há que reconhecer.
No entanto, em altura de crise voltou a fugir o pé para o chinelo. Nada a dizer sobre o investimento público....mas mais estradas e pontes é que não se aceitam. Investir nas PME's tecnológicas, no turismo de qualidade, nas energias renováveis...essa é que era a aposta. Com os nossos indicadores cada vez mais distantes da Europa e com a certeza de que no fim da crise os demais parceiros retomarão o seu crescimento, o que nos resta? Continuar pobres como antes?
Não. Resta-nos continuar ainda mais pobres a pagar os créditos que acumulámos nas últimas duas décadas a viver acima das nossas possibilidades.
O carro topo de gama, o último modelo do telemóvel, uma ou mais casas próprias, as férias no resort...
Temos, estatísticamente, 2 casas por habitante e mais de 12 milhões de contractos para rede móvel. Vivemos 2 décadas (as tais em que o dinheiro jorrou da UE) a crédito, a 24 prestacões sem juro. Agora é tempo de pagar e sem dinheiro no bolso ou alguém para emprestar. Com o agravar da situacão, não havendo a hipótese da classe política resolver porque é a primeira a lucrar com a proliferacão da confusão, o que sobra?
Golpe de estado?
Intervencão das Nacões Unidas?
A propósito desta entrevista, Medina Carreira refere as discussões parlamentares e a algazarra que por lá se faz.
Por muito que eu goste de ver Paulinho da Lavoura a ser posto em sentido, tenho que reconhecer que ele tem razão. O que se discute no fim de cada sessão é quem ganhou o debate e não o que se aprovou, o que se criou.
Como contra-exemplo o parlamento sueco. As sessões parecem um velório. Fala um de cada vez, não há gritaria e não é tão animado. Mas parece que tomam decisões importantes.
Ainda tenho esperanca (antes do golpe de estado) que apareca uma nova geracão com vontade de servir a causa pública.
Para quem estiver interessado e não tiver visto (até parece que vocês não têm todos a sic...), aqui ficam:
parte 1
parte 2
parte 3
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