Outubro de 2004, in DN
"Um grupo de trabalhadores da TAP acusa os pilotos da companhia aérea portuguesa de porem em causa a viabilização da empresa e pede que a tutela ponha «um travão na ambição desmedida» daquela classe «insaciável».Em causa estão alegadas negociações do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) com a empresa, para «reivindicar aumentos salariais e mais poder», conforme carta aberta ao ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, datada de dia 6 deste mês e a cujo texto o DN teve acesso.Os signatários, que se autodenominam «Grupo de Trabalhadores para Viabilização da TAP - Air Portugal», pedem ao ministro António Mexia que tome «as medidas correctivas que se impõem», relativamente a situações que consideram «graves e que podem pôr em causa todo o esforço realizado pelos trabalhadores» da empresa.Entre essas situações , afirmam ser o custo de um piloto «por vezes superior a 20 mil euros/mês», não incluindo a formação, «o que daria para pagar a cinco gestores profissionais, até mesmo porque não voando ganham como se o fizessem». Isto porque, alegadamente, «existem cerca de 50 pilotos que acumulam cargos de direcção em áreas nada relacionadas com o voo» e sem experiência de gestão, situação que classificam de «escandalosa». Apontam também o esforço de redução de pessoal noutras áreas, «enquanto as admissões de novos pilotos não param», mesmo se existem outros «que estão a voar poucas horas mensais e ganham uma compensação precisamente por não trabalharem».Consideram, por outro lado, «inadmissível» que o salário de um piloto recém-admitido tenha de ser «superior ao de qualquer outro operacional, mesmo que tenha 30 anos de serviço». E dizem que, além dos «chorudos ordenados e regalias principescas», os pilotos «guardaram só para si uma 'suculenta cereja no topo de um grande bolo' - a Jubilação», referindo-se a «um valor líquido, que ronda os 150 mil euros», a que um piloto em fim de carreira tem direito."
Julho de 2008 in Diario Económico
"Num esforço de contenção de custos, os administradores da TAP decidiram reduzir em 10% os seus salários, em 2008, independentemente dos resultados da empresa no final do exercício, segundo o 'Expresso Online'."
Hoje, in SIC Online
"Fernando Pinto aproveitou a apresentação de resultados para atribuir aos sindicatos dos trabalhadores da empresa alguma da responsabilidade na recuperação da TAP, afirmando que tem de haver compreensão em relação à actual situação, mas não recusou a possibilidade de aumentos salariais. "No inicio (das negociações com os sindicatos) nós dissemos que não aceitaríamos nem conversar sobre aumentos salariais, hoje colocamo-nos numa posição diferente e aceitamos desde que se consiga ter uma série de pontos importantes a serem negociados e eu diria que o mais importante é conseguirmos obter a compreensão para a situação real", defendeu. "E a situação real é clara. Mesmo que haja uma redução forte no preço do combustível, que nós esperamos que haja, este ano -em termos de resultados- é muito difícil ser salvo"
Vale a pena comentar.
A TAP deve ser um dos maiores exemplos de desprezo pelo dinheiro público. Sempre defendi que um bom gestor (ou seja, aquele que apresenta resultados) deve ter um bom salário. Parece-me também lógico que um piloto seja bem pago, já que exerce um cargo de enorme responsabilidade. Escapa-me é porque é que na nossa companhia de bandeira, um piloto voa menos e ganha mais do que noutras companhias de bandeira de países com um nível de vida superior. O planeta TAP é um mundo distante na galáxia portuguesa. Longe da realidade nacional, a empresa tornou-se totalmente refém dos seus trabalhadores, comecando pelo sindicato dos pilotos. E tudo feito à custa dos demais.
Comeco a não compreender que benefícios tem o país com esta companhia pública.
As hospedeiras, desculpem, assistentes de bordo, vêm logo a seguir na lista de regalias. Perdoem-me, mas aqui não entendo mesmo...
A ganância enche o dia-a-dia daquela gente e pouco mais existe para além do próprio umbigo. Não percebem que tudo desaparece de um dia para o outro, se o governo privatizar a companhia. Ideia esta que já me pareceu mais estúpida.
Vale a pena refletir no exemplo da Alitalia. Sem o dinheiro do estado e sem lucros, a administracão tentou um plano de viabilizacão que incluía despedimentos. Os sindicatos não aceitaram e assim, em vez de x% na rua, a companhia abriu falência.
Pergunto, seus gananciosos da Portela, o que farão se um dia a companhia depender exclusivamente dos seus lucros?
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