...nem imaginas o que me aconteceu.
Juntamente com os camaradas do pontapé na bola, fui participar num torneio. Daqueles com taca e tudo.
Escusado será dizer que aquilo estava cheio de altos, louros e espadaúdos. O nível, como de certo perceberás, era o de solteiros contra casados. Assim como aquele que tu e o Nelo tinham quando jogavam lá nos intervalos do ISEF.
Mas, e é isto que acho espantoso, esta malta não brinca nem com a avó. Todo o evento desportivo, por mais amador que seja, é levado com um profissionalismo que até dói. Quando digo dói, é mesmo de dor. Estes gajos correm como cavalos, dão coices como mulas e Queiroz, fazem entradas a pés juntos de envergonhar o Petit. A bola? Sim, também faz parte do jogo, mas eles não lhe ligam muito.
Ao olhar em volta, fiquei com a nítida sensacão que estávamos a entrar na arena. Esta malta espuma da boca enquanto aquece Queiroz. Percebo agora aquela sensacão de pinguinha que o Tavares teve quando entrou no San Siro.
Bom, mas atirámo-nos ao destino.
5h seguidas a correr atrás destes pega-monstro. Foi dose Queiroz.
Ao fim de 30 min já não podíamos com o chamado rabo. Como podes reparar pelas fisionomias, não somos muito o estilo escandinavo. Ostentamos o clássico "cu de croissant", eternizado por essa esperanca da Fashion TV que é o Miguel Veloso. No meio da aflicão ouco: "facam substituicões rápidas no meio-campo, não deixem essa zona morrer!!". Olho para trás e vejo o autor da frase. Era um paquistanês Queiroz. Um paquistanês.
A nossa equipa era formada por paquistaneses, portugueses, kosovares, macedónios e aqui e ali um sueco para colorir. Agora repara nisto Queiroz, até o paquistanês sabia que era no meio-campo que estava o busílis da questão. Não é necessário lembrar-te que no Paquistão o único desporto que se faz com uma bola é o criquete. Há também o tiro ao boneco, mas usam pedras como bem sabes.
Interroguei-me. Se um paquistanês sabe isto, como é que o Queiroz não sabe? Não terá ouvido o Alex nas explicacões? E se sabe porque não o fez com a Dinamarca?
Aquela derrota ainda está aqui na goela Queiroz. Não me leves a mal. Nada tenho contra ti. Aliás, desde aquele glorioso dia (algures em 94) em que tiraste um defesa esquerdo e abriste uma passadeira vermelha para o Paneira, que estás na minha galeria de heróis. Fizeste o Toni parecer um mestre de estratégia e isso está ao alcance de poucos.
Mas voltando à vaca fria, lá fizémos o que o paquistanês disse e arrástamos os nossos croissants o melhor que conseguimos. Aguentando o impacto inicial, fizémos a coisa lógica: bola no chão e as torres que se mexam. Ao fim de 4,5 horas estávamos na final. Aqui veio a parte boa, os oponentes eram dinamarqueses. Não preciso de te explicar que estavam frescos como alfaces. Esta gente é feita a correr Queiroz.
Presos por arames tentámos mais um pouco. Adivinha lá onde ficou a taca Queiroz?
É assim que a coisa deve ser. Esta é a lógica. Se escandinavos jogam hóquei no gelo com latinos, eles ganham. Se jogam qualquer coisa com o pé, nós ganhamos. É assim que a natureza funciona, ou pelos menos funcionava até tu vires com as novas vitórias morais.
Para além destas coincidências na minha escala solteiros&casados, porque é que eu me lembrei de ti Queiroz? Porque corre um livro de apostas aqui no trabalho para o próximo Suécia - Portugal. Apesar do histórico ser favorável à Suécia e de tu estares desse lado, maior parte dos meus colegas suecos apostaram em Portugal. Pátria é pátria, mas com dinheiro parecem os ciganos. E eles acham mesmo que vamos ganhar Queiroz. Não te conhecem ainda.
Agora, o que é que me dava jeito? Era que não inventasses muito e que seguisses a táctica do paquistanês. É simples.
Vamos estar todos num bar local e eu serei o único a equipar de verde-rubro contra uma horda de piriquitos. Não me apetece ser o bombo da festa está bem Queiroz?
Pensa lá nisso.
E não te esquecas do Paquistanês.
1 comentário:
ahaha
Ó Tiago, antes de acabar de ler eu já imaginava que tivesses ganho, mesmo que fosses o único português da equipa.
Nós quando nascemos já sabemos as regras do fora de jogo e foi por mero acaso que na nossa bandeira apareceu uma esfera armilar em vez de uma bola de futebol!
E nem o Queiroz é capaz de deitar isso abaixo!
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