quarta-feira, outubro 03, 2007

Visto do céu (Gotemburgo)


"Que gelo!", digo olhando para a pele das mãos.
Não a vejo. A pele.
As luvas não deixam.
Outubro. Ainda agora chegou.
Recebo-o de luvas e forro polar.
Para quê as mariquices? Não largo o polar desde Agosto…Ahh!
Limpo a "cacimba" do banco e sento-me. Ninguém quer um triângulo marcado no rabo. A não ser que goste de asa delta. Mas sem asa.
Escolho a primeira música e acordo o pedal. Monte abaixo deslizando no vento.
Entre a brisa os meus ouvidos filtram a música.
"fuuuuuuu….the girl from…..fchuuuuuuu….ipanema goes walking….fchuuuuuu".
Bem hajas cotonete.
Há uns meses o caminho para o trabalho demorava 2 músicas completas. Ou 0,5 músicas no caso do Danúbio Azul.
Agora, com menos do que 15 não me safo.
Trabalhar na ilha do lado "obriga-me" a passar a 25 de Abril cá do sítio. A cidade vista dali e com a música certa anima qualquer manhã.
O frio? Desapareceu há 7 músicas e algumas corridas na ciclovia.
As pessoas que estão a alguns metros de mim, apesar de não terem conhecimento do facto, estão sempre a disputar a contagem de montanha de 1a categoria.
Estatísticamente, de cada vez que vou naquela pose de "alta montanha" (sorriso aflito, cara de arghhhhh, mãos a deslizar nos punhos e rabo no ar para o balanco) a subir uma qualquer parede do caminho, passa ao meu lado na ciclovia um puto numa scooter para que eu de pulmão bem aberto possa absorver cada uma das octanas libertadas.
Quem foi o jumento que se lembrou de fazer uma lei permitindo scooters numa via para bicicletas? Também eu gostava de saber para lhe dar um calduco na careca.
Os gajos que fazem leis são sempre carecas.
Também se prova estatísticamente.
Quando chego ao trabalho, páro a bicicleta no parque e deixo-me cair para o lado. É a forma mais fácil de descolar.
Noutro sítio talvez me sentisse estranho por entrar no estaminé com calcas à Robin Hood, mas sou claramente o mais discreto. O parque está cheio e o que não falta é malta de collants a caminho dos balneários.
Os balneários.
Essa é outra que também me intriga.
No parque estão dezenas de bicicletas. No balneário conto as toalhas com duas mãos.
Huuummm….
À volta da Volvo só há arbustos. As casas de habitacão mais próximas estão longe e maior parte das pessoas atravessam a ponte.
Para a subir, estou certo que algum suor deve escorrer no meio das costas.
Por outro lado há muita malta a cheirar a Patchouly durante o dia.
Acho que há aqui material para investigar.
Ou então é impressão.
No nariz.

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