segunda-feira, outubro 01, 2007

O bit

Mölle, Suécia

Não há creme revigorante que tenha o poder da linguagem binária aplicada ao mundo.
Não é que use cremes (e enquanto escrevo cuspo
para o chão numa prova total de virilidade!!!) mas comeco a perceber qualquer coisa do universo digital.
1 ou 0. Em sintonia com ele ou totalmente desligado.
Foi esse o bálsamo do fim de semana.
Fechei a porta do mundo e fiz em dois dias tudo o que não consegui fazer nos últimos meses.
Mar, verde, chuva na janela, música, cinema, água com cloro aquecida, tinto de Estremoz, grelhador, dormir e mais uma série de conceitos misturados sem ordem, critério ou tempo.
Chego segunda a cantar.
"The singing guy is in the building!", diz o meu chefe.
Não me atrapalha o refrão. Sigo com os dentes de fora.
Só então reabro a porta ao mundo.
"É favor entrar", digo-lhe enquanto preparo um chá.
E ele não se faz rogado…"o Menezes não sei quê e o meia leca foi de vela, blá,blá...".
Fico confuso. Para quem é de esquerda ver o PSD a chafurdar na lama é fantástico, mas para quem paga impostos, ter um governo sem oposicão ainda é pior. Mendes era mau, Menezes é claramente pior. Os laranjinhas encontraram o seu Portas (o Paulo) e com o governo de Durão bem presente na memória, não consigo ver nada de bom. Soares resumiu da melhor forma estas eleicões: "Foi uma desgraca! "
Está dito.
Ainda assaltado pelos pensamentos da laranja, continuava a mergulhar o saco de chá.
Já colocava mel em cima do queijo, quando o mundo cheio de saudades minhas me dizia que no derby dos derbys, o Adu foi ceifado na área sem qualquer apito do senhor de preto.
"E pronto…já comecam as cobrancas daquele penalty na taca da cerveja...", pensei deixando cair um pouco de mel no polegar.
O primeiro ranger de dentes da semana. E logo na parte do mel que exige concentracão máxima.
"Mas os queques também tiveram um penalty por mão do...", "Áhh…cala-te!!!", interrompi-o.
"Desde que o Jardel tropecou nos pés e sacou aquele penalty sozinho na área com o Argel a 2m, que os queques gastaram os créditos para o século!!", concluí.
Coloquei a rodela de tomate e acalmei-me.
A primeira dentada foi fabulosa. Um pouco de queijo, um pouco de tomate, um pouco de pão.
Não veio a rodela inteira como naquelas bifanas de elástico em que ficamos com o pão na mão e metade do porco nos lábios.
O mel não escorreu para a mesa.
Bobone orgulhar-se-ia.
Aprecio a metade da rodela que ficou no pão, quando vejo o mundo a correr na minha direccão para dizer "E sabes que mais? A FENPROF não quer que os professores sejam avaliados e blá,blá.. "
A rodela desliza pelo pão e aterra na mesa. Estou nervoso.
"Porque mistura a FENPROF direitos adquiridos com sub-desenvolvimento?", penso eu olhando para a rodela de tomate que nunca chegará a ser cortada por um dente meu.
Escorre um pouco de mel.
O quadro está inevitavelmente estragado.
O mundo a 1 tem os seus encantos.
Mas e a próxima sexta?
Falta muito?

1 comentário:

Inês disse...

Ó Tiago.. Mais uma vez um post genial :) Podias era ter arranjado uma comida melhor para descrever... Pão, queijo, mel e tomate??? Yack!