segunda-feira, outubro 15, 2007

Diga bom dia com Mokambo



Ao nível do micróbio dificilmente encontrarei outro viveiro tão rico como a mesa da sala de reuniões aqui do departamento.
Poderia mesmo dizer, caso fosse um especialista em microbiologia (ciência que como todos sabem estuda o desenvolvimento do micróbio desde a idade da pedra), que a minha flora microbiana humana (vão ao google que eu também tive algum trabalho) aumenta exponencialmente (voltem lá) quando me sento naquela sala.
A mesa é um verdadeiro maná para a bicharada. Papéis, pedacos de bolo, sandochas com molhanga, restos de café e solas de sapatos. Tudo misturado com o requinte que se exige. Aqui há atrasado (como diz a malta a norte do Mondego) enquanto à volta da mesa se discutia algo (devia ser importante mas já não me lembro) o gajo que se sentava na direccão dos meus olhos fazia um piquenique. Numa mão tinha um pacote de leite e na outra uma sandes típica da suécia. Na mesa ficavam apenas os restos da degustacão. Esta sandocha tem algumas particularidades que em princípio a afastariam de qualquer sala de reuniões. Mas aqui e para um gajo que vem trabalhar com calcas de fato de treino e meias brancas nas sandálias impossible is nothing.
A sandes consiste numa fatia de pão com uma folha de alface, um molho roxo e duas almôndegas coladas nessa pasta. Para ser simpático direi apenas que é difícil comer tal repasto sem sujar o queixo e a testa. Ao mesmo tempo.
Contudo, tenho que reconhecer pelo estilo que o artista dominava o terreno de jogo. Enquanto os outros discutiam qualquer coisa (não me lembro mesmo), ele pegava numa almôndega e dava-lhe uma trinca. Depois, com a metade que sobrava voltava a mergulhar na molhanga e comia. No fim, para puxar lustro ao dedos fazia aquele sluurrp tão bom que evita qualquer desperdício. No meio da operacão há um bocado de molhanga roxa que cai na mesa. O drama? O horror? Não.
O mesmo dedo passa pela mesa e salva aquele pedaco de pasta. Dirige-se novamente para a boca para outro sluuuurp, agora com muito mais sumo. No fim, com a cabeca do dedo brilhante e orgulhosa, chega aquele aconchego que só as calcas podem trazer. Foi-se o brilho.
Sempre que lhe perguntavam algo era possível ver a betoneira em accão. Leite, pasta roxa e o castanho da almôndega. De facto não me lembro do que falávamos.
Repasto terminado e nada como esticar as pernas. Quem não gosta de um belo alongar de joanetes? Mas debaixo da mesa? Porquê? Quando se pode meter as solas em cima do tampo e recolher de forma eficiente os restos que o dedo não apanhou.
Por esta altura restava-me apenas uma dúvida. Que contorcionismo usaria para lamber as chanatas?

4 comentários:

catarina disse...

tens uma flora microbiana humana?! estou pasma... e eu que pensei que floras microbianas, só existiam as procarióticas ou as eucarióticas unicelulares...
uma flora microbiana humana deve ser constituída assim por muitos marques mendes todos muito escostadinhos uns aos outros, não é?

PS: já agora, uma curiosidade: tens mais bactérias dentro do teu intestino do que células no teu corpo inteiro. toma e embrulha:)

Margarida disse...

Bem isto hoje está tudo muito cientifíco... que raio de palavrões!!!

Eu só ia mesmo dier que esta tua reunião deve ter sido mesmo muito produtiva :-)

Anónimo disse...

Pq será que eu já esperava tais palavrões?
:)
(wikipedia rules!!!)

Ana Loura disse...

Iacccccc

Jinhos