segunda-feira, agosto 06, 2007

O sal nos bracos

Há qualquer coisa de especial em chegar a casa com sal nos bracos.
Não é olhar para o elevador, ver que está avariado e ter que subir 7 andares com 15 sacos do Continente às costas, depois de um dia de trabalho com aquelas calcas mais justinhas porque "não deu para lavar as cool" e uma temperatura a rondar os 35 graus, e a meio da subida reparar que o pacote de sal está a cair e num esforco digno de qualquer empregado do Chen equilibrar os sacos num braco para apanhar o pacote de sal antes que ele caia no chão e atinja aquele estado de "já não serve".
Não. Não é a nada disto que me refiro.
"Chegar com sal nos bracos" é a forma poética que Camões utilizou para descrever "praia".
Dizia eu...há poucas sensacões como "chegar com sal nos bracos" (e continuarei sem mais explicacões de interpretacão) a casa. Toda a perspectiva do quotidiano se transforma.
Nunca foi assim. A praia sempre esteve ali. Podia ir a vezes que quisesse e nunca lhe dei o valor merecido.
Pensava eu que ia perder de todo esta sensacão quando embrulhei a mala de cartão. Mas não me preocupei. Alguns meses depois percebi que não seria bem assim...
A água está para um português como um relógio de tic-tac está para um talibã.
Felizmente água nunca faltou por aqui. Vejo o rio de casa, o lago está a pouco mais de 5 minutos e o mar não dista 20Km. É certo que tomar banho em lagos e praias de rocha tem sido uma experiência nova. É giro, mas sentia falta da praia como sempre a conheci.
Este fim de semana resolvemos explorar a costa sueca para sul de Gotemburgo, que segundo rezam os guias, é de areia até Malmö (+/- 300 km). Foi uma agradável supresa ver água muito transparente e colocar os pés em areia, tanto dentro como fora de água. Os lagos "é mais musgo" e as praias de rocha têm uma profundidade tal que nem se toca na areia. A descoberta desta Costa da Caparica, não muito longe de casa deixou-me de coracão quente. Só faltava o gajo das bolas de berlim e uma mãe a gritar com o "mái novo" para me sentir em casa.
Uma maravilha!
Entre bracadas observei o mundo aquático.
Era limpo, cristalino e calmo.
Ordenei os pensamentos enquanto vislumbrava o horizonte.
Aproximava-se lentamente. O horizonte.
Naquele movimento sem sentido que só os horizontes sabem fazer.
Era laranja e esponjoso.
Não era o meu tipo de horizonte. E acho que me queria morder.
Até alforrecas descobri.
Apelviken em Varberg. Home sweet home.

3 comentários:

Anónimo disse...

:))) lá está, é o mesmo sentimento que eu tenho aqui na Escócia, 'home sweet home'. só podia era estar um pouco mais quente... uns 20ºC a mais e não me queixava:)

T.

Vivian disse...

E o Homem da Olá-fresquiiiiiiiiinho-é-frutósclate?

nana disse...

:,o)

..

you bet.