Num revivalismo da Guerra Fria temos Putin a apoiar a causa Sérvia e Bush do lado Albanês. Mais do que discutir a inevitabilidade do aparecimento de um novo, miserável e instável país, gostava de me debrucar sobre o fundamento dos gritos Albaneses.
Deixo bem claro que neste momento, dada a história recente do território e as tentativas de limpeza étnica feitas por S. Milosevic e seus pares, não há outro caminho que não seja a independência do Kosovo. Tentar integrar a minoria Sérvia do Kosovo e "transformar" os guerrilheiros Albaneses em políticos, são os passos que se seguem. Uma vez conseguida a independência comecará a luta interna pelo poder. Adivinham-se os próximos capítulos.
Compreende-se que Moscovo seja o único aliado de Belgrado. A Rússia tem dentro das suas fronteiras alguns territórios que decerto tentarão seguir os passos dos Albaneses do Kosovo.
É este precedente que me parece grave. A Sérvia vai perder 1/5 do seu território porque a maioria que lá vive assim prefere. O Kosovo, território pertencente ao império Otomano até 1912, foi integrado na Sérvia e não no principado da Albânia (criado nesse ano) apesar da sua maioria Albanesa. Durante a II Guerra Mundial foi anexada à Albânia (pelos Italianos) e no fim do conflito ganhou autonomia dentro da Jugoslávia de Tito. Em 1974, Milosevic, esse atrasado mental, fez o favor de acabar com a autonomia, dando origem a uma série de conflitos que culminam com a guerra da independência. Claro que o nacionalismo Sérvio foi sempre uma acendalha neste conflito, e os erros na sua gestão acumularam-se, mas a verdade é que este território (bem ou mal) sempre integrou as suas fronteiras. O Kosovo não tem qualquer estrutura própria (mesmo depois destes 8 anos de administracão ONU) que suporte um regime democrático. Sairá de um problema para outro. Mas por escolha própria.
Comparando por absurdo, o que faríamos nós se dentro de 40 anos, os actuais 300 000 ucranianos que vivem em Portugal tivessem uma comunidade de 1 milhão, residente por exemplo no Alentejo e quisessem a independência do território?
Sim, eu sei, é idiota. Mas, ainda assim, aposto que há 100 anos disseram o mesmo em Belgrado.
Da nossa parte (comunidade internacional) deveria ter surgido uma mediacão do conflito (em tempo útil) e uma tentativa de preparacão de novos dirigentes, durante este período de transicão.
Sendo a Ex-Jugoslávia uma miscelânea étnica sem igual em todo o continente Europeu e dada a manifesta inexistência de organizacão, resta-me desejar boa sorte aos novos líderes Kosovares. Bem vão precisar dela.
Ps - Só para que não fiquem dúvidas ou colagens nacionalistas. Nada me move contra qualquer movimento de emigracão (como é óbvio!). O exemplo dos ucranianos foi apenas isso, um exemplo. Qualquer pessoa que venha para trabalhar (e ainda por cima com qualificacões) é sempre bem-vinda.
1 comentário:
A minha grande dúvida é saber como conseguiu o Tito durante tantos anos manter os ânimos leves... Também me parece que aquele território deixar de ser Sérvio é um completo absurdo, mas o mal já está feito..
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