segunda-feira, março 12, 2007

O Xiquilim

Apetece-me contar uma história.
Não que tenha uma para contar entenda-se.
Mas tenho sono...muito sono. Falar, ainda que em surdina desperta-me. Obrigado pelo jeitinho a quem está desse lado.
Tivesse eu um nome de família com consoantes iguais seguidas ou um primeiro nome de bolacha como xiquilim, pimpim ou tintin e escreveria este texto assim:
"Estive na festa da P. Ela estava chiquérrima como sempre. Vestia um Maria Gambina de arrasar. A comida era boa e sobretudo era de borla. Eu sorria e a minha mãe guardava tudo num tupperware (quantos de vós conseguem escrever esta palavra?) que o Pedro-Menino-Guerreiro tem-se baldado à mesada e os tempos estão difíceis."
Mas como o melhor que arranjei foi um nome de ditador (tudo porque nuestros hermanos não se lembraram ainda de o transformar num dos "Grandes Espanhóis") terei que me contentar com uma descricao mais modesta.
E o que aconteceu?
De facto a festa da P.
Não sei se vestia um Tenente mas tinha meias sem buracos. Sucesso garantido no jet-7 local. A iluminacão do salão estava a cargo do cunhado de P. Pouco percebia de electricidade mas trazia umas meias vermelho Ferrari. Era de Estocolmo e por isso ninguém levou a mal.
Um gajo de Estocolmo está para a Suécia como um madrileno para Espanha. "O mundo no meu quintal", dizem. Ou pelo menos outros dizem que. E para mim nada é tão verdadeiro como um "diz que". Ninguém sabe quem o disse mas todos acreditam que quem o fez sabia algo. É um principio simples e que faz mover o mundo. Acreditar em deus torna-se desnecessário porque o "diz que" explica tudo.
Entre sorrisos e abracos reparei numa garrafa de Pitú. "The one and only" cachaca. Nestas alturas qualquer "modo de preparar" escrito em português nos aproxima das origens.
Jantar de conversas cruzadas e as perguntas. Porquê a Suécia? Há tanto sol em Portugal e por aí fora...
"De que cidade?" pergunta alguém de cara angélica? "Lisboa" digo eu....
"Olha, eu vim de Curitiba na semana passada!!", responde.
"Associou-nos ao povo irmão. Tudo bem...", pensei.
Jantarada terminada e algumas fatias de bolo depois somos chamados à cozinha como "especialistas" para fazer a caipirinha. Orgulhosamente o rapaz mostra o acucar (branco) original que "usávamos" lá. Além de perceber que ele tinha sido enrolado por um qualquercoisaINHO, compreendi finalmente que entre Lisboa e Curitiba não existia qualquer Oceano. Pelo menos para ele.
Que seja. A noite era de festa e mal por mal, antes samba do que fado.

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